Alto índice de desemprego será maior risco para trabalhadores, dizem advogados

Em entrevista exclusiva à CNN, advogados afirmam que o principal risco para os trabalhadores virá no momento da retomada da economia

Com a crise do novo coronavírus, contratos de trabalho, suspensões e férias coletivas têm gerado muita discussão e impactado a vida de muitos trabalhadores e empregadores. 

Para o juiz federal do trabalho Marlos Melek, o principal risco para os trabalhadores virá no momento da retomada da economia. “Será quando o trabalhador vai precisar mandar currículo para tentar conseguir um emprego no rastro de miséria que o coronavírus pode deixar no Brasil, caso exista um ambiente de insegurança jurídica para o qual especialmente os pequenos empresários não tenham fôlego para manter os seus negócios e empregos”. 

Já para o advogado Fábio Guariero, a pandemia da COVID-19 está causando um efeito devastador em todos os trabalhadores, desde os que estão perdendo seus empregos até os empreendedores que não estão conseguindo faturar o necessário para poder pagar as despesas. 

“Portanto, o maior receio é que o desemprego tome um nível altissímo e, por isso, se faz necessário que o governo intervenha e faça medidas de proteção e preservação do emprego e empreendedorismo”.

Sobre a possibilidade que o governo abriu para os trabalhadores fazerem acordos de forma individual e não pelos sindicatos, Melek esclareceu que a Constituição Federal preza muito o acordo coletivo para representar os trabalhadores.

Entretanto, o momento é de “força maior”, o que no direito significa “que estamos diante de um fato imprevisto e com as nossas próprias forças não conseguiremos inibir os seus efeitos”, disse o juiz.

“Nesse momento, a agilidade da negociação é muito importante. Eu tenho dito que os sindicatos precisam ser protagonistas nesse momento, porque eles têm muito poder de negociação. Muitos estão cumprindo com seu papel da preservação do emprego. Mas outros, infelizmente, não”, afirmou Melek.