Bancos atenderão pedidos para prorrogar dívidas, diz presidente do Santander

Sergio Rial diz que bancos vão financiar, por dois meses, folha de pagamento de companhias com faturamento até R$ 10 milhões

Em entrevista à CNN, Sergio Rial, presidente do Santander, falou sobre o conjunto de iniciativas econômicas já anunciadas pelo governo para minimizar a crise do novo coronavírus no país. 

Segundo ele, o estado brasileiro foi extremamente ousado em reconhecer o que estamos passando.

“Nós temos medidas que estão muito próximas a R$ 1 trilhão em um país que ainda não saiu de um déficit fiscal. Vamos começar a ver a liquidez permear de volta ao sistema, com maior velocidade, a partir desta semana. Isso porque muitas medidas acabaram sendo tomadas nas últimas semanas”.

Com relação aos impactos da COVID-19 para o crédito no setor bancário, ele afirmou que todos os bancos fizeram uma análise muito clara do que aconteceu nas últimas semanas e que o período onde houve uma incerteza em relação à liquidez do sistema “foi claramente e muito rapidamente equacionada pelo Banco Central”.

Todos os setores estão sendo impactados pela crise e, de alguma forma, estão se ajustando da maneira que são capazes.

No sistema financeiro, Rial explicou sobre a primeira grande medida tomada: a renegociação das dívidas. “Os bancos brasileiros vão atender pedidos de prorrogação, por 60 dias, dos vencimentos de dívidas de clientes pessoas físicas e jurídicas”, disse.

A segunda grande medida, segundo ele, foi construida com o Tesouro Nacional, Banco Central, BNDES e com os demais bancos. É a ajuda que as empresas com faturamento de até R$ 10 milhões terão para pagar o salário dos funcionários durante a pandemia. O plano vai financiar, por dois meses, a folha de pagamento dessas companhias. 

De acordo com o presidente do Santander, os bancos não estão discutindo risco neste momento porque ninguém sabe o impacto da crise no ponto de vista econômico. As únicas certezas, segundo ele, é que haverá perdas para os bancos e que estaremos enfrentando uma recessão a nível mundial.

Para ele, o mundo será outro pós-coronavírus. “Um mundo potencialmente com os Estados Unidos em recessão, um mundo em que o trabalho remoto se tornou uma realidade, que vai ter implicações profundas em estruturas físicas, um mundo que claramente vai valorizar aspectos que a gente não via. Nós saímos em um novo mundo: em recessão, mas onde a ciência nunca esteve tão alinhada”. 

 

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