Boletim Focus: mercado estima contração de -1,18% para o PIB em 2020

Analistas e economistas do mercado financeiro reduziram, pela oitava semana consecutiva, a expectativa do crescimento econômico do Brasil. É o que mostra o Boletim Focus, relatório de mercado divulgado semanalmente pelo Banco Central. Na edição desta segunda-feira (06), a expectativa do mercado é de que o PIB tenha contração de -1,18%. Na semana anterior, a contração era estimada em -0,48%.

A sequência de baixa na previsão do crescimento da economia é reflexo dos graves impactos que a pandemia de coronavírus têm causado no mundo inteiro. Há quatro semanas, por exemplo, a estimativa ainda era de crescimento de 1,99% neste ano.

Já para 2021, o mercado financeiro manteve a previsão do Produto Interno Bruto (PIB), de alta de 2,50%. Quatro semanas atrás, estava no mesmo patamar.

No fim de março, o Banco Central atualizou, por meio do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), sua projeção para o PIB em 2020, de alta de 1,8% para variação zero. O próprio BC, no entanto, reconheceu que o cenário está em constante mudança e que, por isso, a projeção do RTI não reflete, necessariamente, a situação atual.

Selic 

Para a Taxa Selic, que já atua na maior baixa histórica, o mercado também projetou novo corte. Atualmente, a taxa básica de juros está em 3,75%. A nova previsão do Focus, porém, mostra que a expectativa é de que a Selic vá para o patamar de 3,25%.

Na semana anterior, a previsão do mercado para a Selic era de 3,5%. 

IPCA

De acordo com o relatório divulgado pelo BC, a estimativa para a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu de 2,94% para 2,72%, em 2020. Para 2021, a expectativa foi de 3,57% na semana passada, para e 3,5%.

O centro oficial da meta de 2020 é de 4% e, em 2021, 3,75% – ambos com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. 

Resultado primário

Com o governo autorizado a expandir os gastos em 2020 para combater a pandemia do novo coronavírus, o Relatório de Mercado Focus trouxe hoje alteração na projeção para o resultado primário do governo em 2020. 

A relação entre o déficit primário e o PIB este ano foi de 1,30% para 1,65%. No caso de 2021, foi de 0,60% para 0,80%. Há um mês, os porcentuais estavam em 1,10% e 0,51%, respectivamente.

Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2020 foi de 6,00% para 6,90%, conforme as projeções dos economistas do mercado financeiro. Para 2021, passou de 4,86% para 5,00%. Há quatro semanas, essas relações estavam em 5,50% e 4,83%, nesta ordem.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

(Com Estadão Conteúdo)