Bolsonaro procura Guedes para discutir impacto da eleição na Câmara na agenda

Avaliação é de que a disputa pelo comando da Câmara vai, de fato, impedir o andamento das reformas e de outras pautas econômicas de interesse do governo

A paralisação da agenda econômica em razão da disputa pela presidência da Câmara levou o presidente Jair Bolsonaro a procurar o ministro da Economia, Paulo Guedes, na noite desta segunda-feira (30).

Os dois se reuniram fora da agenda oficial na Granja do Torto, residência de veraneio da Presidência da República e onde o ministro está morando em Brasília desde o início da pandemia da Covid-19.

Leia também:
Governo aposta em implosão de bloco de Maia
Maia diz ter votos para aprovar reforma tributária com novo imposto do pecado

Segundo apurou a CNN, Guedes e Bolsonaro avaliaram que a disputa pelo comando da Câmara vai, de fato, impedir o andamento das reformas e de outras pautas econômicas de interesse do governo.

O governo se considera numa encruzilhada. De um lado, o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cobra o apoio do Executivo para aprovar a reforma tributária ainda neste ano.

Fontes da equipe econômica dizem que Maia teria proposto um acordo: em troca do apoio do governo para votar a reforma tributária, ele pautaria projetos de interesse do governo ainda este ano.

Entre essas propostas estaria o projeto de incentivo à cabotagem (navegação entre portos brasileiros pela costa) e a proposta de autonomia do Banco Central. Procurado, Maia não respondeu.

Do outro lado, o líder do PP na Câmara, Arthur Lira, pressiona o Palácio do Planalto a não apoiar a agenda de Maia. Lira é pré-candidato à sucessão do atual presidente da Câmara, sendo o nome preferido de Bolsonaro.

A avaliação do líder do PP é de que a eventual aprovação da reforma tributária este ano cacifaria politicamente Maia e dois de seus principais aliados que são pré-candidatos ao comando da Casa.

O primeiro seria o líder do MDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), que é o autor da proposta de reforma tributária que Maia quer aprovar. O outro, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), relator da reforma.

A tendência do Planalto é ficar ao lado de Lira nessa disputa. A avaliação é de que o líder do PP, se eleito presidente da Câmara, se mostra mais disposto a pautar projetos da área de costumes defendidos por Bolsonaro.

O diagnóstico no Planalto é de que, para garantir a eleição de alguém mais alinhado ao presidente no comando da Câmara, vale a pena esperar para avançar nas reformas somente em 2021.

Tópicos