Cientista político comenta especulações sobre saúde de Guedes do governo
"O mercado gosta dessas idas e vindas, faz parte do jogo", falou Murillo de Aragão
O mercado reagiu negativamente nesta quarta-feira (26) às falas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a proposta do Renda Brasil apresentada pelo ministro da Economia Paulo Guedes.
Em entrevista à CNN, o cientista político Murillo de Aragão não vê “fundamento sério” para considerar, por exemplo, que Guedes vá deixar o governo.
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Aragão também comentou o impasse sobre sobre o valor da prorrogação do auxílio emergencial.
“Obviamente que o presidente quer um número que dê uma boa narrativa de saída para o auxílio, mas também tem uma discussão de forma. Porque o que foi apresentado até agora não agradou, e o presidente mandou refazer o programa, que deve ser reapresentado nos próximos dias”, concluiu.
Discordâncias
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quarta-feira (26) discordar da proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, de acabar com o abono salarial e afirmou que o projeto Renda Brasil, apresentado a ele, na véspera, pela equipe econômica não será enviado ao Congresso.
“Bem como, quando se fala na imprensa, onde [sic] discutimos a possível proposta do Renda Brasil. Ontem, falei: ‘tá suspenso, vamos voltar a conversar’. A proposta que a equipe econômica apareceu pra mim não será enviada ao Parlamento”, disse Bolsonaro ao participar da cerimônia de religamento do alto-forno 1 da Usiminas, em Ipatinga (MG).
“Não posso tirar de pobres para dar para paupérrimos. Não podemos fazer isso aí. Como por exemplo a questão do abono para quem ganha até 2 salários mínimos. Seria, né, um 14º salário. Não podemos tirar isso de 12 milhões de pessoas para dar para um Bolsa Família ou Renda Brasil, seja lá o que for o nome desse novo programa”, completou.
O presidente disse que a única forma de o país evitar o “insucesso” é começar a produzir e a gerar empregos, definidos por ele como o “melhor programa social que existe”.
Sobre o auxílio emergencial de R$ 600 pago pelo governo federal em razão da pandemia do novo coronavírus, o presidente voltou a dizer que o valor que será pago, até dezembro, na segunda prorrogação do benefício ainda, está em discussão com a equipe econômica.
“Não podemos, ad eternum, bancar 65 milhões de pessoas com R$ 600, R$ 1.200 e algumas até com R$ 1.800 por mês. Resolvemos então, estendê-lo até dezembro. O valor não será R$ 200 nem R$ 600”, afirmou.
(Edição: Sinara Peixoto)