Com decisão dos EUA, prazo de retomada do turismo preocupa, dizem especialistas
Proibição de visitantes vindo do Brasil foi anunciada no domingo (24) como medida de combate ao novo coronavírus


O presidente norte-americano, Donald Trump, determinou no domingo (24) a restrição para entrada de pessoas vindas do Brasil nos Estados Unidos. A regra é para quem esteve no país nos 14 dias anteriores ao da tentativa de entrar nos EUA e não vale para norte-americanos e residentes permanentes legais.
Em entrevista à CNN, Bruno Omori, presidente do Instituto de Desenvolvimento, Turismo, Cultura, Esporte e Meio Ambiente (IDT-CEMA); Fabio Rossi, sócio-diretor do grupo Flytour, e Dyogo Oliveira presidente da Associação Nacional das Empresas Administradoras de Aeroportos (Aneaa), afirmaram que a decisão preocupa e levanta questionamentos sobre o prazo real para a retomada do turismo no Brasil. Os empresários analisaram o cenário pós pandemia e afirmaram que “o futuro será de menos deslocamentos”.
Oliveira afirmou que as limitações já existiam, mas não deixa de ser alarmante para o setor.”Essa medida preocupa um pouco o setor, mais ainda pela sinalização que ela traz, do que o efeito prático, uma vez que já estávamos com restrições. O tráfego já estava limitado, mas nos preocupa. Com essas medidas anunciadas, o prazo para a retomada será ainda mais longo. Quanto ao tráfego doméstico, vai depender das nossas medidas de restrição e da confiança do passageiro para retornar a voar.”, disse.
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“O turismo é um dos maiores segmentos do mundo. O norte-americano representa, em média, 600 mil turistas que passam pelo país e o Brasil representa em torno de 7 milhões de brasileiros nos Estados Unidos. Então a medida impacta diretamente as importações, o fluxo de turismo em milhões de dólares, no ponto de vista de emissores. Portanto, tem impacto direto na relação de emprego e renda”, argumentou Omori.
Para Rossi, quanto mais restrições, maior será o tempo para a retomada do setor, principalmente nas agências de turismo. O empresário afirmou que o faturamento, que antes era de R$ 6 bi, atualmente está sendo de apenas R$ 1,8 bi.
“Na nossa visão de empresa de turismo, estamos em uma situação bem delicada. Estamos falando do nosso faturamento de quase R$6 bi, não estamos faturando nem 2% do montante. Essa medida do Trump nos deixa com maior preocupação em relação a retomada. Porque, neste momento, essa medida não tem efeito nenhum pois não tem muitos voos para o país. Estamos preocupados em como ela afeta na reabertura, quando esse setor de fato vai voltar a se movimentar. Quando os EUA toma uma decisão, o problema é que outros países acompanham”, explicou Rossi.
Questionados sobre ‘o novo normal’, Dyogo afirmou que, para o setor de transporte aéreo, o novo coronavírus é a maior crise já enfrentada. “Essa vai ser a grande crise da história do setor que vai gerar novos modelos de negócio e novos comportamentos dos passageiros e, principalmente, vai gerar uma grande mudança no volume de transportes ao nosso ver. Acredito em uma crise mais prolongada no nosso setor, o novo normal significa menos deslocamento”.
Questionados sobre ‘o novo normal’, Dyogo afirmou que, para o setor de transporte aéreo, o novo coronavírus é a maior crise já enfrentada. “Essa vai ser a grande crise da história do setor que vai gerar novos modelos de negócio e novos comportamentos dos passageiros e, principalmente, vai gerar uma grande mudança no volume de transportes ao nosso ver. Acredito em uma crise mais prolongada no nosso setor, o novo normal significa menos deslocamento”, diz.
Omori acredita que o novo período pode trazer novos caminhos para serem trabalhados no setor, como tentativa de atrair novamente os turistas. “O novo normal significa novas condições em relação a higienização, que é o caso das máscaras por exemplo. O grande desafio do turismo é onde tem a maior aglomeração das pessoas. Nós acreditamos que gradualmente nós vamos chegando em números habituais de viajantes. Mas precisamos que os créditos cheguem a esses empresários e também da inovação de novas demandas
“A visão que temos, como agência de viagens, daqui um ano nós chegaremos a 70% do que a gente fazia no momento normal. Ou seja, nós teremos uma construção até chegar nessa porcentagem. Então imagina o tamanho deste desafio. No Brasil, esse número chegará a 40%, mas a grande questão aqui é a confiança. Se tivermos uma vacina, por exemplo. Então a indústria do turismo vai passar por momentos muito difíceis e que tudo se resolva. Caso contrário, teremos que nos reeinventar”, concluiu Rossi.