Consumidor registra quase 3 reclamações por minuto relacionadas a coronavírus
O volume de reclamações de março já é quase 23 vezes maior do que todo o mês de fevereiro


O aumento progressivo em casos confirmados pelo novo coronavírus provoca também o aumento de muitos outros problemas na sociedade brasileira, não apenas na saúde, mas também na economia, relações trabalhistas e também nos direitos do consumidor. Neste último, empresas relacionadas a turismo têm recebido muitas reclamações sobre pedidos de cancelamentos e adiamentos de serviços contratados.
Para se ter uma dimensão, só nesta terça-feira (17), o site Reclame Aqui recebeu quase 3 reclamações por minuto relacionadas ao Covid-19. Os dados, exclusivos para a CNN Brasil, consideraram queixas que contenham termos e variações do novo coronavírus nos textos dos consumidores.
No mês de março, foram 14.167 reclamações, sendo que 47,3% foram contra agências de viagens, outros 25,9% para companhias aéreas e 9,2% empresas de milhagens. Empresas de ingressos de shows e eventos, universidades, passeios turísticos, aluguel de imóvel e companhias marítimas (como cruzeiros) também foram alvos de reclamações.
Também há registros deste tipo de problema nos dois primeiros meses do ano. O volume de março já é quase 23 vezes maior do que todo o mês de fevereiro, quando foram registradas 619 reclamações. Em janeiro, foram 73.
Para o CEO Brasil do Reclame Aqui, Edu Neves, as pessoas estão obedecendo a orientação do Ministério da Saúde, que é de distanciamento social, mas a quantidade de problemas pegou os serviços de atendimento de surpresa. “As empresas não estavam preparadas para um volume tão grande de contatos. A primeira onda de problemas que vamos ter é de conseguir estabelecer comunicação entre as marcas e os seus consumidores”, disse Edu. Veja mais dicas no vídeo acima.
Procon orienta consumidores
Da mesma forma, o Procon de São Paulo tem registrado reclamações relacionadas ao novo coronavírus. De acordo com a entidade de defesa do consumidor, foram 3.411 atendimentos do dia 27 de fevereiro até esta quarta-feira (18). Destaque para os problemas de cancelamentos de viagens e eventos, além de denúncia de abusividade de preços e ausência de produtos. Desses atendimentos, 2.208 foram reclamações e 1.203 consultas.
Das 2.208 reclamações registradas, 1.162 foram contra agências de viagens e 862 contra companhias aéreas. Os consumidores também reclamaram de programas de fidelidade (55 reclamações), cruzeiros (46 casos), farmácias/lojas/mercados (43) e de problemas com ingressos e eventos (40 queixas).
Direitos do consumidor
De acordo com orientação enviada pelo Procon, o “consumidor não é obrigado a expor sua saúde a riscos viajando ou indo a eventos, onde poderá contrair o coronavírus. As empresas devem negociar alternativas que não prejudiquem o consumidor, como postergar a viagem/evento para data futura; restituir valores já pagos, ou ainda outras possibilidades que não lesem o consumidor e com a qual ele esteja de acordo”
Em relação a preços abusivos de itens como álcool em gel, máscaras, termômetros, entre outros, o Código de Defesa ao Consumidor considera como prática abusiva elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. O consumidor que se deparar com preços ou serviços relacionados ao coronavírus que considere abusivo, pode reclamar no estabelecimento, ou junto ao Procon e até mesmo em plataformas digitais, como Reclame Aqui e Consumidor.Gov.