Covid-19: Fundação Lemann celebra início de testes da vacina de Oxford em SP
Duas mil pessoas - com prioridade para profissionais de saúde, com maior risco de contágio - participarão de testes da vacina contra o novo coronavírus em SP


No último final de semana (20 e 21 de junho), foi celebrado o início dos testes em São Paulo da potencial vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade Oxford, segundo informou a Fundação Lemann, financiadora do projeto, em comunicado divulgado nesta segunda-feira.
“Há um caminho importante a ser percorrido agora pelos especialistas antes de podermos celebrar bons resultados. O que virá depois, ainda não sabemos. Enquanto isso, o foco está em acompanhar a iniciativa”, afirmou Denis Mizne, CEO da Fundação Lemann, ao anunciar o começo das testagens.
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Também nesta segunda, o Grupo Fleury divulgou sua participação na seleção de dois mil voluntários brasileiros que receberão doses da vacina. O composto desenvolvido pela Universidade de Oxford é considerado um dos mais avançados entre todas as vacinas em teste para combater o novo coronavírus. O imunizante já demonstrou segurança em etapas anteriores e agora se encontra na fase três de testes, na qual uma grande quantidade de pessoas receberá doses para verificar sua eficácia em impedir o contágio.
De acordo com o Grupo Fleury, a maioria dos selecionados para testes no Brasil será de profissionais da área de saúde, homens e mulheres entre 18 e 55 anos. Eles serão divididos em dois grupos: um tomará a vacina e o outro será testado com a vacina-controle MenACWY, também conhecida como vacina meningocócica conjugada.
Para saber a eficácia do composto contra a Covid-19, os pesquisadores vão comparar os dois grupos: o percentual de pessoas vacinadas que não desenvolveu a doença e a proporção de indivíduos testados com a vacina-controle que acabou infectada pelo coronavírus.
Anunciado no começo deste mês, o estudo é conduzido no Brasil pela Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O Grupo Fleury vai fornecer cerca de dois mil exames de diagnóstico da Covid-19 do tipo sorológico, utilizado para detectar o desenvolvimento de anticorpos contra o coronavírus, durante a seleção de candidatos. Quem já foi infectado não poderá integrar o experimento, porque acredita-se que essas pessoas já produziram imunidade contra a doença.
“Se o primeiro time, o das pessoas testadas com a vacina, tiver um percentual superior de imunidade em comparação àqueles que tomaram a vacina-controle, a conclusão é a eficácia da vacina”, explica o Dr. Celso Granato, infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury. “Tudo indica, infelizmente, que o Brasil ainda está em uma curva ascendente de contágio. Nesse contexto, a realização de estudos de testes de vacina se torna vantajosa, uma vez que grande parte da população ainda não desenvolveu imunidade contra o novo coronavírus”, acrescentou.
A vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford é produzida a partir de uma versão enfraquecida do vírus do resfriado comum, o adenovírus, que contém material genético da proteína Spike do SARS-CoV-2. Após a vacinação, a proteína é produzida, o que estimula uma resposta do sistema imunológico contra a infecção pela Covid-19.
Em abril, a vacina passou pela primeira fase de testes, o que incluiu um grupo de mais de mil pessoas entre 18 e 55 anos no Reino Unido. Desde então, foram iniciadas as fases dois e três dos testes, e agora conta com cerca de 50 mil voluntários, incluindo neste total os dois mil voluntários do projeto liderado pela Unifesp, em São Paulo.
No Brasil os estudos serão conduzidos sob a liderança da Dra. Lily Yin Weckx e com o apoio da Dra. Sue Ann Costa Clemens, responsável pela articulação que colocou o Brasil como o primeiro a integrar a fase de testes para além do Reino Unido.
(Com Estadão Conteúdo)