Diretor da IFI diz que risco de romper teto de gastos em 2021 é elevado

"O que preocupa é a falta de clareza a respeito dos números para 2021", disse Felipe Salto

O governo federal enviou o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2021, nesta segunda-feira (31) ao Congresso Nacional. O Planato prevê que vai cumprir o teto de gastos no próximo ano.

Em entrevista à CNN nesta segunda-feira (31), Felipe Salto, economista e diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI), disse acreditar que a previsão é um pouco “irrealista” e que o risco de romper o teto em 2021 é elevado.

“Esse cenário de cumprimento do teto apenas até 2020 já vem sendo tratado pela IFI desde o segundo semestre de 2018. Então, o que preocupa é a falta de clareza a respeito dos números para o ano que vem”, falou.

Questionado sobre os motivos pelos quais considera o projeto irrealista, Salto explicou que o teto de gastos é um valor corrigido pela inflação.

“Nós já conhecemos a inflação até os 12 meses encerrados em junho deste ano e sabemos qual é o teto sobre o qual tem que se aplicar esse índice. Portanto, o teto do ano que vem é de R$ 1,485 trilhão”.

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Felipe Salto
Felipe Salto, economista e diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI)
Foto: CNN (31.ago.2020)

A despesa sujeita ao teto para 2021 no PLOA, disse Salto, é exatamente o mesmo número. “Ou seja, um menos o outro é igual a zero”.

“Qualquer despesa adicional que seja criada, a exemplo do Renda Brasil, que é essa transferência que daria continuidade ao benefício de R$ 600, colocaria a perder o teto de gastos”, esclareceu.

Sendo assim, para criar uma despesa nova – como o programa social Renda Brasil – outros gastos devem ser cancelados.

“É preciso diminuir subsídios creditícios que são dados às empresas, rearranjar os programas que não vão necessariamente aos mais pobres, a exemplo do abono salarial”, falou. 

“Agora, o que não dá é para cair no populismo fiscal de achar que pode criar uma despesa sem criar fonte de financiamento. Não é só pelo teto de gastos porque o teto poderia até ser adequado em razão dessa situação atípica que estamos vivendo. Mas é uma questão de dar um caminho que não represente ruptura”, justificou ele, lembrando que quem financia a nossa dívida “olhará torto” para esse tipo de agenda que pretende aumentar o gasto sem mostrar como.

(Edição: Sinara Peixoto)

 

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