Dólar cai e fecha a R$ 5,31 com esperanças sobre recuperação econômica
Moeda norte-americana recuou 2,24%, em dia positivo para ativos de risco no exterior


O dólar começou o segundo semestre em firme queda de mais de 2% contra o real. O dia foi de fraqueza para a moeda norte-americana no exterior e positivo para ativos de risco, diante de sinais de retomada da atividade econômica e de esperanças sobre vacinas contra o coronavírus.
O dólar encerrou esta quarta-feira (1º) em queda de 2,24%, a R$ 5,318 na venda. A moeda oscilou entre alta de 0,69%, para R$ 5,4773, no início da sessão, e queda de 2,47%, a R$ 5,3059.
Na B3, o dólar futuro recuava 2,54%, a R$ 5,3245, às 17h01.
No exterior, a moeda dos EUA cedia 0,3% contra uma cesta de seis divisas fortes no fim da tarde, enquanto caía 1,2% contra o peso chileno, 1,7% contra o rand sul-africano, e 1% frente ao peso mexicano.
A indústria brasileira voltou a crescer em junho pela primeira vez desde fevereiro. Nos Estados Unidos, a atividade manufatureira se recuperou em junho e atingiu o nível mais alto em mais de um ano. A contração da indústria da zona do euro foi mais fraca do que o inicialmente calculado em junho e, na China, a atividade industrial cresceu a um ritmo mais forte no mês passado.
“Os dados reportados surpreenderam positivamente as expectativas do mercado”, comentaram analistas do Bradesco em nota. “O conjunto de dados ainda é compatível com recessão no segundo trimestre (…), mas apontam para retomada à frente, que deve se materializar se não houver segunda onda de contágio.”
Ainda no Brasil, a potencial vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac será testada em 12 centros de pesquisa de seis estados, disse nesta quarta-feira o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Esse noticiário fortaleceu esperanças de que o mundo possa emergir da pior recessão do pós-guerra, ajudada por estímulos fiscais e monetários de bancos centrais e governos.
Apesar disso, o cenário segue turvo, avaliou Paloma Brum, economista da Toro Investimentos. Para ela, as economias estão muito dependentes do noticiário sobre vacinas. E essa perspectiva sozinha não é uma solução definitiva para o mercado, disse.
“Quando falamos de câmbio, ainda há muita coisa para acontecer antes que a gente veja o dólar em tendência clara de queda ante o real”, afirmou, lembrando os riscos fiscais que o Brasil enfrenta.
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Dólar a R$ 5,10?
Pesquisa Reuters mostrou que analistas de mercado esperam que o dólar feche 2020 a R$ 5,10, 4,10% abaixo do encerramento desta sessão, mas com perspectivas ainda nubladas por chances de novas saídas de recursos.
O fluxo cambial ao Brasil ficou praticamente zerado na semana passada, com saldos equilibrados tanto na conta comercial quanto na financeira, mostraram dados do Banco Central nesta quarta-feira. No mês até o dia 26, houve déficit de US$ 2,927 bilhões.
Mas dados da balança comercial revelaram superávit comercial de US$ 7,5 bilhões em junho, recorde histórico para o mês da série iniciada em 1989, conforme dados do Ministério da Economia, que elevou a projeção para o saldo comercial em 2020.
Os dados da balança comercial ajudam no número global das contas externas, indicador monitorado pelo mercado por indicar o grau de vulnerabilidade externa de um país.
Na avaliação do Bradesco, a taxa de câmbio que produz equilíbrio do saldo em transações correntes nos próximos 12 meses é R$ 5,25 por dólar — ou seja, pelos fundamentos de médio prazo relacionados a essa métrica, o real estaria com excesso de depreciação nos atuais níveis.
“É bastante aceitável algum nível de utilização de poupança externa e, por isso, esperamos uma taxa de câmbio abaixo desse nível, em R$ 5,10 por dólar neste ano e em R$ 4,60 por dólar em 2021. Esses patamares não levarão ao equilíbrio, mas a déficits menores do que 1% do PIB — bastante abaixo da média dos nossos pares”, afirmaram analistas do Bradesco em nota.
Na véspera, o dólar à vista fechou em alta de 0,27%, a R$ 5,44 na venda.
*Com Reuters
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