Goldman prevê retomada econômica mais rápida após vitória democrata na Geórgia
Para o banco, governo poderá ter votos suficientes para fornecer centenas de bilhões de dólares de alívio adicional para uma economia que sofre com a pandemia


A vitória surpreendente dos democratas na Geórgia deve abrir o caminho para um recuperação econômica mais rápida nos EUA após a pandemia, segundo o Goldman Sachs.
O banco elevou suas previsões de PIB e desemprego para 2021 no país na noite de quarta-feira (6), após a CNN e outros meios de comunicação projetarem que os democratas assumirão o controle do Senado dos EUA. Para o banco, isso significa que o governo terá votos suficientes para fornecer centenas de bilhões de dólares de alívio adicional para uma economia que está sendo prejudicada pelo agravamento da pandemia.
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“Os democratas devem aprovar mais estímulos fiscais no primeiro trimestre”, escreveram os economistas do Goldman Sachs em uma nota para clientes. O otimismo dos economistas ajuda a explicar por que grande parte dos investidores não se incomodaram pelo caos que abalou Washington.
O índice Dow Jones fechou com altas recordes na quarta-feira, mesmo depois que uma multidão de apoiadores de Trump invadiu o Capitólio dos EUA.
O Goldman Sachs agora projeta um crescimento do PIB de 6,4% em 2021, ante 5,9% anteriormente. O valor está bem acima do consenso das estimativas em cerca de 3,9%.
Além disso, o crescimento mais rápido também deve se traduzir em mais contratações e menos demissões. O banco de Wall Street agora espera que o desemprego caia para 4,8% no final de 2021 e 3,9% no final de 2023.
O Morgan Stanley também se mostrou mais otimista em relação à economia: o banco prevê um crescimento do PIB dos EUA de 5,9% em 2021.
“Com a probabilidade de uma maior expansão fiscal, temos mais confiança de que a recuperação da economia dos EUA terá uma base sólida”, escreveram economistas do Morgan Stanley em uma nota a clientes na quarta-feira.
Mais US$ 750 bilhões em alívio?
O presidente eleito Joe Biden chamou o pacote de estímulo de US$ 900 bilhões promulgado pelo Congresso no mês passado como uma “entrada”.
O Goldman Sachs agora espera que o Congresso promova outros US$ 750 bilhões em estímulos fiscais em fevereiro ou março, incluindo US$ 300 bilhões em cheques de estímulo, US$ 200 bilhões em ajuda aos governos estaduais e locais e US$ 150 bilhões em benefícios adicionais aos programas de desemprego.
A má notícia é que cada vez mais parece que a economia precisará de mais ajuda para superar a pandemia que se intensifica. Empregadores do setor privado cortaram empregos inesperadamente em dezembro, de acordo com o instituto de pesquisa ADP Além das mortes e internações pela Covid-19 subirem para números recordes, o lançamento da vacina também tem sido lento. Menos da metade das vacinas distribuídas pelo governo federal foram aplicadas. Também existem preocupações sobre a rapidez com que novas cepas do vírus estão se espalhando pelo mundo.
“Notícias desanimadoras no front da pandemia – incluindo o ritmo lento da vacinação e o surgimento de mais cepas de vírus infecciosas – sugerem que o aumento de gastos com o estímulo será mais lento do que o normal”, disseram os economistas do Goldman Sachs.
Em outras palavras, o próximo pacote de estímulo pode não acelerar o crescimento econômico tanto quanto o esperado, pelo menos inicialmente.
Economistas e analistas de política não esperam que os democratas promovam aumentos dramáticos de impostos que ameacem a recuperação econômica. As estreitas maiorias no Senado e na Câmara dos Representantes
dos EUA dificultarão a aprovação de uma legislação abrangente no Congresso.
Aumento da taxa de juros?
O grande debate em Wall Street agora é se a vitória democrata na Geórgia atrapalha o ambiente de bons ventos que impulsiona os mercados financeiros. Uma inflação muito baixa levou o Federal Reserve a prometer manter as taxas de juros em zero no futuro próximo. Com os títulos rendendo quase nada, essa postura emergencial forçou os investidores a investir em ações.
Mas os planos do Fed podem mudar se a inflação começar a dar sinais de vida.
O Goldman Sachs disse que agora projeta que a inflação quase atingirá a meta de 2% do Fed até o final de 2023. O banco agora também espera que o Fed “decole” do zero durante o segundo semestre de 2024, em comparação com a previsão anterior do início de 2025.
Mas o Morgan Stanley está alertando que as condições inflacionárias já estão se formando. O banco espera que o núcleo da inflação dos EUA atinja 2% muito antes – no final deste ano – e “ultrapasse” essa meta em 2022. Isso porque a empresa espera que as autoridades americanas tomem medidas mais enérgicas para lidar com o agravamento da desigualdade.
“O choque da Covid-19 exacerbou o impacto sobre as famílias de baixa renda”, escreveram os economistas do Morgan Stanley, “criando uma urgência ainda maior para os legisladores agirem para fornecer alívio às famílias afetadas.
(Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).