IRB Brasil fará captação bilionária para organizar contas após fraude
Companhia anunciou nesta terça-feira (30) que contratou Itaú BBA e Bradesco BBI para coordenar a captação de até R$ 2,3 bilhões
O IRB Brasil fará um captação bilionária de recursos para repor provisões técnicas regulatórias fragilizadas por uma fraude contábil, enquanto reavalia desmobilizar alguns negócios fora da América Latina e recuperar a confiança do mercado na resseguradora cujas ações já caíram cerca de 70% em 2020.
A companhia anunciou nesta terça-feira que contratou Itaú BBA e Bradesco BBI para coordenar a captação de até R$ 2,3 bilhões, após ter revisto números dos balanços de 2017 a 2019, com forte piora dos resultados devido ao que chamou de correção de registros contábeis “efetivamente incorretos”.
O movimento se sucede a uma derrocada deflagrada em fevereiro, quando a gestora Squadra questionou práticas contábeis da empresa, seguida pela prestação de informações falsas sobre a base de acionistas, queda dos principais executivos e de membros do conselho de administração, investigação especial pela Susep e oito processos na CVM.
“Alguns sinistros não estavam em lugar nenhum”, disse o presidente-executivo e do conselho de administração, Antonio Cassio dos Santos, em teleconferência com jornalistas, explicando sobre despesas do IRB que não constavam do balanço.
Embora tenha insistido que o IRB tem capital de sobra para suas obrigações nos próximos dois a três anos, Santos, um veterano da indústria seguradora que assumiu o comando da empresa em março, admitiu que será necessária uma “profunda reavaliação do portfólio”, possivelmente se desfazendo de negócios fora da América Latina.
Acionistas da companhia autorizaram na semana passada um aumento de capital de até 2,3 bilhões de reais, após o órgão regulador do setor, Susep, ter aberto em maio fiscalização especial. A Susep notou o IRB com insuficiência na composição dos ativos garantidores de provisões técnicas e, consequentemente, de liquidez regulatória.
Refeito, o balanço de 2019 mostrou lucro líquido de R$ 1,2 bilhão, ante número inicial de R$ 1,76 bilhão, refletindo sobretudo o lançamento de sinistros.
No primeiro trimestre deste ano, mesmo com receitas não recorrentes de R$ 110 milhões oriundas da venda de participações em shoppings, o lucro líquido do IRB somou apenas R$ 13,9 milhões, isso já considerando o resultado ajustado de mesma etapa do ano passado, que caiu praticamente à metade, para R$ 177,9 milhões.
Para analistas, no entanto, tanto os ajustes contábeis passados quanto os resultados operacionais do primeiro trimestre decepcionaram. O Credit Suisse considerou que o valor de mercado atual da companhia implica uma rentabilidade sustentada “muito maior do que a empresa parece se capaz de gerar”.
A ação da companhia chegou a subir nesta terça-feira, antes de engatar forte desvalorização. Perto do final do pregão, o papel desabava 10,8%, enquanto o Ibovespa caía 0,16%.
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