Petróleo cai e amplia temor do mercado com recessão ligada a coronavírus
Repercussão, na economia, da rápida disseminação do vírus preocupa investidores


O preço do barril do petróleo caiu na quarta-feira, 26, nos Estados Unidos, e ampliou os temores do mercado financeiro com os impactos do novo coronavírus (COVID-19) na economia global. Economistas alertam que o COVID-19 pode causar uma severa desaceleração econômica ou até mesmo uma recessão nos Estados Unidos e em outros países.
O surto da doença causou o maior choque na demanda de petróleo desde a crise financeira de 2008. O preço do barril do petróleo bruto nos EUA caiu 2,3% na quarta-feira, para US$ 48,73. Este é o valor mais baixo registrado desde janeiro de 2019 e marca uma queda de 23% em relação ao seu último pico de US$ 63,27, no dia 6 de janeiro.
“Vocês estão vendo os efeitos colaterais da proliferação do novo coronavírus fora da China. É isso que está mudando o sentimento do investidor com relação ao petróleo e outros ativos de risco”, afirmou Michael Tran, diretor de estratégia energética global do banco de investimentos RBC Capital Markets.
Citando o novo coronavírus, o banco Goldman Sachs disse a seus clientes que está cortando pela metade sua previsão de demanda de petróleo para 2020, reduzindo o número para apenas 600 mil barris por dia.
“Se o novo coronavírus se espalhar ainda mais pelo mundo, esperamos um risco de queda ainda maior para as nossas estimativas”, escreveu Brian Singer, analista do Goldman Sachs, em um relatório.
A queda nos preços do petróleo impactou as ações de energia. O fundo ETF (Energy Select Sector SPDR), que monitora o setor, perdeu 11% nos últimos três dias e quase 20% até o momento em 2020.
Queda nas atividades aéreas
O fechamento de várias partes da China importantes para a sua economia, junto à disseminação do novo coronavírus na Coreia do Sul e na Itália, causou uma queda acentuada nas atividades aéreas e no tráfego de veículos. Isso significa que há menos necessidade de combustível para aeronaves e automóveis.
Até agora, a United Airlines suspendeu voos entre os EUA e quatro cidades da China. A demanda a curto prazo para voos com destino ao território chinês caiu a quase zero.
A fraca demanda levanta preocupações da Opec (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e seus aliados para tomar ações decisivas com relação ao assunto. O grupo deve se reunir na semana que vem em Viena para decidir se mais cortes na demanda são necessários para equilibrar o mercado.
“Historicamente, durante períodos de crise na demanda, a Opec decidiu cortar a produção para compensar”, escreveu Singer.