Mercado animado nos EUA mesmo com possível superlotação de hospitais

Há sinais de que o pico da pandemia está mais perto do que o esperado no país, especialmente em Nova York

A forte alta dos índices da bolsa americana nesta segunda-feira (6/4) não surpreendeu. Afinal, tanto o Dow Jones quanto o S&P 500, os mais importantes da Bolsa de Nova York, seguiram o mesmo ritmo de recuperação das bolsas europeias e também na Ásia. Mas, desta vez, tem algo diferente acontecendo nos Estados Unidos. E depois de tantos dias tensos e complicados, as notícias positivas parecem estar chegando: projeções que apontam para a redução da epidemia de coronavírus nos Estados Unidos. No topo da lista, Nova York. 

Por volta do meio-dia, o governador Andrew Cuomo fez o já tradicional pronunciamento diário sobre o avanço da doença no estado. Ele ressaltou, hoje, os dados que começaram a aparecer na semana passada. O fluxo de internações em comparação com os pacientes liberados pelos hospitais sugerem que a doença está perdendo força no estado.

O pico da epidemia deve acontecer essa semana – e não depois da Páscoa, como diziam levantamentos anteriores. Outra estatística que agradou Wall Street é aquela que insinua uma antecipação do fim do isolamento social. Por enquanto, a quarentena está mantida até o final de abril. Mas, ao contrário do esperado inicialmente, o mês de maio pode ser melhor para o comércio que vive seus piores desde a crise de 2008.

Por outro lado, o “balde de água fria” pode vir na quinta-feira, com a atualização da taxa de desemprego. Somando as últimas três semanas, o país registrou algo em torno de 11 milhões de postos de trabalho fechados. Nunca o país teve tantas pessoas dispensadas em um espaço de tempo tão curto. Diante da paralisação do setor de serviços, a média de demissões deve continua surpreendentemente alta.

Os reflexos da abrupta redução no consumo só não são piores na indústria porque os Estados Unidos entraram em um verdadeiro esforço de guerra para abastecer o sistema de saúde. Seja de maneira espontânea, ou por ordem federal, multinacionais estão concentrando seus esforços na produção de respiradores, máscaras e luvas. Embora, nem todas as grandes empresas americanas tenham entrado nessa lista, o objetivo de abastecer os hospitais tem evitado números semanais ainda piores do desemprego.

Nesse sentido, o presidente Donald Trump tem ganhado capital político, ao acionar uma lei dos anos 50 que garante a produção de itens que sejam fundamentais para um momento de crise. A GM foi obrigada a fazer respiradores e, na semana passada, Trump impediu que a 3M exportasse máscaras cirúrgicas para o Canadá. Por meio de uma ordem executiva, a Casa Branca determinou que os produtos fossem distribuídos nos Estados Unidos.

Levantamento feito pelo instituto Gallup – que mede a popularidade do presidente americano semanalmente – indica que 49% dos eleitores aprovam como o republicano está lidando com a epidemia. Esse é o melhor desempenho do presidente desde a posse, em janeiro de 2017. Ou seja, a menos de oito meses das eleições presidenciais, Trump consegue ganhar um capital político mesmo em meio à uma pandemia e uma provável recessão econômica. 

Mas o presidente sabe que precisará agir para conter o número de desempregados. E salvar o mercado de trabalho passa pela ajuda às empresas de pequeno porte. Este tipo de negócio representa 48% dos contratos trabalhistas dos Estados Unidos.

Não só os pequenos empresários serão contemplados com US$ 350 bilhões do pacote de estímulo de US$ 2,2 trilhões, liberado na semana passada, como o Federal Reserve, o banco central americano, disse que vai financiar bancos que emprestem dinheiro aos empresários que têm até 20 funcionários. Embora o banco central tenha divulgado poucos detalhes, o programa pode ser aplicado por meio de uma política de compra de dívidas das instituições financeiras.

Tópicos