Com exterior cauteloso, dólar volta aos R$ 5,60 e Ibovespa fecha estável

A manutenção do veto presidencial ao reajuste de servidores não foi o suficiente para que o mercado financeiro operasse de bom humor nesta sexta-feira

O receio dos investidores com o aumento dos gastos públicos foi amenizado depois que a Câmara dos Deputados manteve o veto do presidente Jair Bolsonaro que congelou os salários do funcionalismo federal, estadual e municipal até o fim de 2021

A manutenção do veto presidencial, porém, não foi o suficiente para que o mercado financeiro operasse de bom humor nesta sexta-feira (21). O Ibovespa fechou o dia com valorização 0,05%, aos 101.521 pontos. O dólar, por outro lado, avançou 1%, a R$ 5,6143 na venda. 

De acordo com o Ministério da Economia, se o reajuste salarial fosse permitido, a União gastaria de R$ 120 bilhões a R$ 130 bilhões a mais.

Apesar da notícia sobre o veto, o sentimento de cautela internacional, presente durante toda a semana junto com preocupações sobre o futuro das políticas econômicas no Brasil, pesava mais.

Nem a criação de 131.010 postos formais de trabalho com carteira assinada em julho, segundo dados do Caged, que sinaliza algum vigor na retomada da economia, animou os investidores.

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Destaques

A Cogna (COGN3) chegou a cair mais de 3% depois de reportar prejuízo de R$ 140 milhões no segundo trimestre, mas fechou o dia em queda de 0,15%. A empresa sofreu com a inadimplência e evasão de alunos.

Executivos afirmaram que o grupo vai reduzir a atuação de sua unidade de ensino superior Kroton para focar os negócios em cursos de mensalidades mais elevadas, considerados “premium”, algo que prevê eventuais aquisições da companhia em áreas como medicina. A empresa teve prejuízo de 140 milhões de reais no segundo trimestre.

As ações da Vale (VALE3) registraram queda, seguindo movimento do preço do minério. A mineradora tinha desvalorização de 1,19%.

A baixa no preço da commodity puxa queda também nas siderúrgicas. A Gerdau (GGBR3) caiu 2,9%, enquanto a CSN (CSNA3) teve queda de 2,23%.

No campo positivo estavam Eletrobras (ELET6), com alta de 7%, Qualicorp (QUAL3), 7,8%, Hering (HGTX3), 9,9%, e IRB, 12,3%. 

Lá fora

O S&P 500 e o Nasdaq encerraram em máximas recordes nesta sexta-feira, com dados apontando para alguns bolsões de força na economia norte-americana.

A atividade empresarial nos Estados Unidos retornou em agosto ao nível mais alto desde o início de 2019, de acordo com o PMI do IHS Markit, conforme as empresas nos setores de manufatura e serviços viram um ressurgimento de novos pedidos.

Segundo dados preliminares, o Dow Jones subiu 0,69%, para 27.930,78 pontos, o S&P 500 teve alta de 0,35%, para 3.397,24 pontos e o Nasdaq valorizou-se 0,42%, para 11.311,80 pontos.

As ações da China fecharam em alta nesta sexta-feira e registraram alta semanal, com os investidores comemorando uma série de balanços corporativos sólidos, embora a incerteza sobre as negociações comerciais sino-americanas tenha limitado os ganhos.

O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, avançou 0,85%, enquanto o índice de Xangai teve alta de 0,5%. Na semana, os índices tiveram ganho de 0,3% e 0,6%, respectivamente.

Resumo da semana

Marcada pela incerteza sobre a política econômica no Brasil, a semana foi movimentada no mercado financeiro.

Na segunda-feira, o Ibovespa caiu 1,73% e perdeu o patamar dos 100 mil pontos quando especulações sobre o ministro Paulo Guedes deixar o governo cresciam.

Logo no dia seguinte veio o ‘dia do fico’. Com o presidente Jair Bolsonaro garantindo a permanência de Guedes, a bolsa não só recuperou as perdas da segunda como passou a subir na semana, com alta de 2,48% no dia.

Depois de uma quarta-feira um pouco mais tranquila, quando o mercado aguardava divulgação da ata da última reunião do Fed, a quinta-feira foi movimentada. E mais uma vez a pauta eram os gastos públicos.

Depois que o Senado votou por derrubar o veto presidencial ao aumento salarial de servidores públicos, declarações do presidente da Câmara que indicavam que a Casa seguiria o caminho contrário acalmaram os investidores e o Ibovespa terminou o dia em alta. Mais tarde, a expectativa de manutenção do veto presidencial foi confirmada.

Já o dólar, que fechou a última sexta-feira a R$ 5,42 acumulou ganhos ante o real durante a semana por causa das incertezas de investidores sobre o futuro da política econômica brasileira. A moeda americana apresentou desvalorização em apenas um dia nesta semana, na terça-feira. O menor patamar da taxa básica de juros da história incentiva a valorização da moeda estrangeira.

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