ONU: Investimento estrangeiro produtivo para o Brasil cai pela metade em 2020
O estudo revela ainda que algumas grandes economias emergentes tiveram desempenho melhor que o do Brasil, como o México e a Índia


O fluxo de investimento estrangeiro produtivo para o Brasil caiu pela metade em 2020 e a principal razão é a interrupção dos planos de privatização e concessão. O dado e avaliação foram divulgados pela Unctad, órgão das Nações Unidas para comércio e desenvolvimento.
O estudo revela ainda que algumas grandes economias emergentes tiveram desempenho melhor que o do Brasil, como o México que teve recuo de recursos menos intenso, de 8%, ou a Índia, que registrou aumento do fluxo de 13% em plena pandemia.
O relatório “Monitor de Tendências de Investimento” indica que o Brasil recebeu US$ 33 bilhões em investimentos produtivos de outros países no ano passado. Esse dinheiro é destinado, por exemplo, para a construção e ampliação de fábricas, compra de empresas, pagamento de concessões e investimento em novos projetos no país. A cifra indica queda de cerca de 50% na comparação com 2019.
“O investimento caiu diante da pausa dos programas de privatização e concessão de infraestrutura durante a crise pandêmica. O setor mais afetado foi o de transporte e serviços financeiros com queda no fluxo de mais de 85% e 70%, respectivamente”, destaca o documento divulgado em Genebra, na Suíça.
O setor de transporte é diretamente relacionado às privatizações e concessões, como em aeroportos, portos, rodovias e transporte sobre trilhos.
Outros dois segmentos destacados negativamente no Brasil foram os de óleo e gás e a indústria automotiva, que sofreram queda de 65% nos dois casos. O setor de petróleo e gás também é diretamente relacionado às concessões, como os leilões de áreas de exploração do pré-sal.
Já as montadoras estão em crise com o encolhimento do mercado de carros e a saída de algumas fábricas do mercado brasileiro, como Ford e Mercedes-Benz nas últimas semanas.
Mundo e outros países
O desempenho do fluxo no Brasil foi um pouco pior que na média mundial, onde os investimentos produtivos caíram 42%. A Rússia é o grande emergente que teve pior desempenho, com queda de 96% no ano passado.
O Brasil, porém, teve desempenho pior que as demais grandes economias em desenvolvimento destacadas pela Unctad.
O México, por exemplo, teve queda da entrada de recursos de 8%, para US$ 31 bilhões. Na China, o volume aumentou 4% e atingiu US$ 163 bilhões.
Com esse aumento ao mesmo tempo em que o fluxo de recursos para os Estados Unidos caiu 49%, a China passou a ser o país do mundo que mais atrai capital estrangeiro produtivo. Em 2019, os EUA receberam US$ 134 bilhões.
Entre as grandes economias, a que ignorou totalmente a crise gerada pela pandemia foi a Índia, onde o fluxo de capitais aumentou 13% e atingiu US$ 57 bilhões, principalmente em aquisições de empresas e novos projetos no setor de tecnologia.