Perto do IPO, PicPay emite 4 milhões de cartões e trata bancos como parceiros
Fintech transacionou quase R$ 50 bilhões e aposta que as carteiras digitais também se tornarão uma tendência no Brasil


A fintech PicPay quer ser uma espécie de amigo e rival das outras instituições financeiras. A companhia, que se coloca como um marketplace do setor, também vem lançando outros produtos para se posicionar no topo do mercado. A aposta do último ano – e que engrenou em 2021 – foi o lançamento de cartões. Em parceria com o banco Original, que é um dos seus controladores, chegou a emitir 4 milhões de cartões para os seus clientes.
O detalhe é que 75% de todos esses cartões foram emitidos desde janeiro. Neste ano, o PicPay está apostando mais do que nunca em um marketing superagressivo.
Marcando presença em desde programas de reality-show até estações de metrô praticamente pintadas de verde e com a cantora Iza como garota-propaganda, a empresa quer mostrar aos seus acionistas que têm porte para chamar mais a atenção do que outros fintechs do setor, como Nubank e Neon.
Não que a empresa queira brigar com os concorrentes. Ela quer até ser parceira deles. Como o PicPay se vende como um marketplace, quer atrair todos para ofertarem os seus serviços por lá.
[quote width_screen=”” author=”Frederico Trevisan, head de cartões e crédito do PicPay” quote=”Estamos atuando fortemente nos estabelecimentos comerciais também e estamos tomando uma composição para ser um super aplicativo dentro do mercado “][/quote]
O fato é que o PicPay não deixa de ser rival dos bancos e empresas de meios de pagamento. E os números da companhia já chamam bastante a atenção. O total de usuários [atualmente está em 45 milhões, ante 38,4 milhões no ano passado. Como comparação, o Nubank tem mais de 30 milhões. O valor movimentado pelo PicPay no ano passado chegou próximo a R$ 50 bilhões.
Mas o PicPay não quer ser um banco digital, segundo Trevisan, e nem concorrer com as fintechs badaladas. A ideia é ganhar cada vez mais espaço como uma carteira digital, batendo de frente com outros serviços como o Mercado Pago, do Mercado Livre, e o Ame, da B2W. O DNA de instituição de pagamento, de acordo como executivo, continua vivo.
[quote width_screen=”” author=”Frederico Trevisan, do PicPay” quote=”Não somos um banco, mas uma plataforma aberta nos mais diversos sentidos. Apesar de termos uma conta de pagamentos de usuários, eles podem colocar o cartão de qualquer emissor. E os bancos podem vender os seus próprios cartões na plataforma”][/quote]
Os cartões próprios, no entanto, ajudam a fidelizar os clientes – algo importante com tantas opções no mercado. Então, o PicPay, pelo menos por ora, está investindo alto em seu cartão. Não por acaso, o cartão não possui qualquer valor de anuidade, mas oferece cashback de até 5% do valor pelos consumidores – uma bela queima de caixa para a startup.
Abertura de capital
O foco do PicPay, agora, é a abertura de capital e o IPO pode ocorrer tanto na B3 quanto nos Estados Unidos. As negociações já estão caminhando a passo acelerado.
Mas para atrair os investidores, a empresa quer se firmar também como um super aplicativo, quase um WeChat brasileiro – não à toa, o PicPay também permite troca de mensagens entre os perfis dos clientes, bem no estilo rede social chinesa.
A empresa enxerga um grande potencial para o mercado de carteiras digitais no Brasil. Trata-se de uma tendência mundial. Segundo um levantamento realizado pela empresa de tecnologia FIS, o pagamento via carteiras digitais ultrapassou o dinheiro pela primeira vez na história no ano passado – mesmo se levar em conta somente as lojas físicas.
De acordo com o estudo, as carteiras digitais e os pagamentos via celular representaram 44,5% dos pagamentos pela internet e 25,7% nas lojas físicas no mundo. Liderada pela Ásia, a tendência é que suba para 51,7% e 33,4%, respectivamente. O pagamento em dinheiro, por exemplo, deve cair dos atuais 20,5% para 12,7%.
Porém, na América Latina o cenário ainda pende para os meios de pagamento mais tradicionais. Na internet, por exemplo, os pagamentos por cartão de crédito lideram (36,5%), seguido pelas carteiras digitais, com 19,8% da participação. Nas lojas físicas, o dinheiro ainda domina e as carteiras digitais estão, somente, na quarta posição (6,4%), atrás dos cartões de crédito (26,1%) e débito (12,4%)
Mesmo assim, a previsão da FIS é que a carteira digital cresça para 31,2% das compras online e 12,4% do varejo físico até 2024. Não é um número tão brilhante como os vistos no restante do mundo, mas não dá para se dizer que existe um potencial gigantesco nessa área.