Petrobras subiu gasolina em 10%, mas ainda pode subir mais 5%, calcula corretora

Em contas feitas pela corretora Ativa Investimentos, há ainda uma defasagem entre o preço e o quanto o combustível deveria estar custando

A Petrobras divulgou nesta quinta-feira (18) mais um reajuste nos preços da gasolina e do diesel em suas refinarias, de 10% e 15%, respectivamente. Só neste ano, a gasolina já aumentou 34%, depois de ter caído mais de 20% (desconsiderados os impostos) nos piores momentos do ano passado. 

Ainda assim, o preço do combustível ainda está abaixo do que deveria caso a petroleira já tivesse incorporado todo o aumento que o petróleo teve no mercado internacional de janeiro para cá. 

Em contas feitas pela corretora Ativa Investimentos, há ainda uma defasagem de 5% entre o preço da gasolina reajustado hoje pela Petrobras e o quanto o combustível deveria estar custando caso estivesse completamente alinhado com as cotações internacionais. 

Como a Petrobras acompanha de perto as oscilações do mercado externo em seus reajustes, o cenário mais provável, na visão da Ativa, é que muito em breve este aumento de 5% acabe vindo também. 

“A formação do preço dela depende de duas variáveis que são muito voláteis: o preço do petróleo e o câmbio”, disse o economista-chefe da Ativa, Étore Sanchez. “Então, ela sempre fica um pouquinho para trás nos reajustes, para esperar uma estabilização maior dos preços no período.”

Descontados os impostos, o novo preço da gasolina na refinaria anunciado pela Petrobras fica sendo de R$ 1,80 por litro. Pelas variáveis internacionais, deveria ser R$ 1,88, nas contas da Ativa. Os cálculos da corretora levam em conta o preço do barril da gasolina, cotado na bolsa de Nova York, convertido para reais. 

Política de reajustes

Desde 2016, a Petrobras, que domina mais de 80% da oferta de combustíveis no país, adota uma política pela qual ela repassa integralmente a variação da cotação do petróleo, que é negociado em bolsas internacionais, para o preço da gasolina e do diesel que ela vende aqui. Como a cotação é em dólar, o preço também acompanha as variações do câmbio.

Até 2018, essa correções chegaram a ser quase diárias, mas, depois da greve feita pelos caminhoneiros naquele ano, em protesto pelas altas do diesel, essas correções passaram a ser mais espaçadas.

Petróleo em alta

Por trás dos novos aumentos, está uma disparada recente no preço do petróleo e seus derivados no mundo, depois de terem despencado aos menores valores em mais de duas décadas nos piores momentos da pandemia no ano passado. De janeiro para cá, de acordo com a Ativa, o aumento na cotação do barril internacional da gasolina, em dólares, já foi de 33%. 

Problemas de fornecimento no Texas, que é um produtor importante, e também reduções da produção promovidas nos últimos meses pela Opep+, grupo que reúne os grandes exportadores de petróleo, estão entre as razões para as disparadas de agora. 

As reduções da oferta aconteceram em um momento em que o consumo global voltou a crescer rápido, depois da freada brusca por que passou no ano passado.

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