SP tem ‘proporção extraordinária’ de cidades em estado de calamidade, avalia TCE
'Eles se livram das tradicionais amarras da administração pública – que são burocráticas e existem para preservar o erário', explicou Edgard Camargo Rodrigues


No estado de São Paulo, 645 dos 537 municípios (o equivalente a 83%) decretaram estado de calamidade pública por conta da pandemia da Covid-19. A medida, que, por lei, é decretada pelo prefeito, permite remanejar a verba pública para emergências e precisa do aval do legislativo para ser aprovada.
À CNN, o presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Edgard Camargo Rodrigues, avaliou, nesta sexta-feira (17), que se trata de “um dos institutos mais nobres da nossa Constituição, porque se destina à preservação da vida”, acrescentou.
Para ele, “a medida é excepcional” assim como a atual situação sanitária do país – que já perdeu 76.288 pessoas, como apontam dados do Ministério da Saúde.
“E isso justifica, em princípio, que as autoridades administrativas se valham desse instituto e tenham uma facilidade maior para o gerenciamento do que for necessário”, defendeu.
“Eles se livram, efetivamente, das tradicionais amarras da administração pública – que são burocráticas e existem para preservar o erário”, completou.
Leia também:
Brasil levou 4 meses para atingir 1 milhão de casos – e apenas 1 mês para dobrar
‘São Paulo pode estar próxima da imunidade de rebanho’, avalia biólogo
Rodrigues afirmou que SP está com uma “proporção extraordinária” de cidades em estado de calamidade, mas disse não saber a média de outros locais do país a fim de comparação.
“Não tenho noção do que acontece no restante do país, então é possível que essa proporção seja até idêntica ao que está ocorrendo em outros estados, mas isso representa também o cuidado que os prefeitos estão tomando com suas comunidades”, analisou.
Apesar do alto número de municípios que decretaram a medida, o presidente do TCE-SP afirmou que “a fiscalização [dos gastos públicos] não é prejudicada, mas intensificada”.
“É tudo muito examinado, e o TCE tem um mecanismos na sua matriz de risco que, dependendo das pontuações, apontam casos que mereçam atenção especial”, informou.
Segundo ele, o foco tem sido os contratos de prefeituras com o terceiro setor. Isso porque, de acordo com Rodrigues, nesses casos “o tribunal não condição de fiscalizar exatamente os gastos com pessoal, compras.
“São 271 processos que já foram selecionados, envolvendo R$ 1,6 bilhão. Esse, sim, está dando bastante trabalho. Nos restantes, os municípios têm respondido de uma maneira bastante satisfatória e entendido a necessidade da prestação de contas”, concluiu.
(Edição: Sinara Peixoto)