Vendas do comércio para o Dia das Mães em 2020 devem registrar queda de 60%
Em 2019, o comércio faturou R$ 9,6 bilhões na data comemorativa. Neste ano, a expectativa não passa de R$ 4 bilhões


Quando a empresária Beatriz Tavares fechou as portas de sua loja de roupas femininas na capital paulista, por causa da quarentena imposta pelo novo coronavírus, ela já acreditava que a situação não voltaria ao normal tão cedo. Dado o cenário, a empresária começou a pensar em alternativas para o Dia das Mães, que no caso da loja dela é a segunda data do ano com maior volume de vendas, atrás apenas do Natal.
A empresária investiu com urgência no site e apostou em promoções para minimizar o rombo no caixa. Mas apesar de todo esforço, a estimativa é de que a loja, que fica em Pinheiros, na Zona Oeste da capital paulista, tenha redução de 70% nas vendas do Dia das Mãe, na comparação com o ano passado.
A situação de Beatriz é semelhante é de milhares de comerciantes que estão fazendo malabarismo para reduzir os prejuízos financeiros. Em todo o país, o comércio estima queda de 60% nas vendas para o Dia das Mães deste ano, na comparação com 2019. O índice é o pior dos últimos 16 anos, quando a Confederação Nacional do Comércio (CNC) passou a contabilizar os dados.
Em 2019, o comércio faturou R$ 9,6 bilhões na data comemorativa. Neste ano, a expectativa não passa de R$ 4 bilhões – desempenho semelhante ao ano de 2008, quando o mundo inteiro enfrentou uma crise financeira.
Nos estados de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, que respondem por quase metade da movimentação de venda do país para os Dias das Mães, as reduções estimadas nas vendas são de 58%, 47% e 46%, respectivamente.
Dia das mães em meio à pandemia
Para o economista da CNC, Fabio Bentes, o dia das mães de 2020 não vai deixar boas lembranças para o varejo. “O isolamento social, o fechamento de lojas e todo estrago provocado na economia, com queda na renda, restrição no crédito e queda na confiança do consumidor, devem fazer com que a data tenha um desempenho muito ruim, com uma queda inédita no volume de vendas”, diz o economista.
O desempenho para o Dia das Mães será ainda pior do que o registrado na Páscoa deste ano, quando a Confederação Nacional do Comércio registrou queda de 35% nas vendas. Isso porque estabelecimentos que vendem produtos voltados para a Páscoa, como supermercados, estavam abertos, diferente de segmentos importantes para a data comemorativa, como vestuário, móveis, eletrodomésticos e itens de informática.
Para os setores de comércio e de serviços, por exemplo, o Dia das Mães é a segunda melhor data do ano, atrás apenas do Natal. Por isso, entidades que representam o setor avaliaram a possibilidade de adiar a comemoração para os meses de junho ou julho.
Em reunião com empresários o governador de São Paulo, João Doria, chegou a sugerir o adiamento para o mês de agosto. Como a data comemorativa é comercial e não está prevista nos calendários federal, estadual ou municipal, caberia às associações entrarem em consenso, o que não aconteceu.
Mas se por um lado os setores de comércio e serviços estimam quedas significativas nas vendas dos Dias das Mães, por outro, as vendas pela internet devem crescer. A Ebit Nielsen, empresa que mensura e analisa dados, prevê crescimento de 40% no e-commerce, na comparação com 2019. No ano passado, o e-commerce movimentou mais de R$ 2,2 bilhões nas vendas, sendo moda e perfumaria as categorias mais vendidas em volume de pedidos.