‘O mundo olha para o Brasil com preocupação, com razão’, diz Natalia Pasternak

No CNN Nosso Mundo desta sexta-feira (19), a microbiologista avalia os erros e desafios do país após um ano de pandemia

O CNN Nosso Mundo desta sexta-feira (19) entrevistou a doutora em microbiologia Natalia Pasternak, que analisou como o Brasil reage a um ano de pandemia do novo coronavírus.

O lento ritmo da vacinação, o negacionismo da doença entre parte da população e o surgimento de variantes são alguns dos desafios que o país precisa superar para reduzir o ritmo acelerado do aumento no número de mortes — que já ultrapassaram 300 mil — e deixar de ser uma ameaça sanitária global

“O mundo olha para o Brasil com preocupação, com razão. As consequências que isso pode gerar são terríveis, o Brasil pode realmente se tornar um grande pária do mundo. Somos um celeiro de variantes em que o vírus corre solto. O sistema de saúde colapsou, o funerário está à beira de colapsar também. Tudo isso poderia ser evitado com melhor planejamento”, aponta. 

A microbiologista alerta para o perigo do surgimento de novas variantes além das que já são conhecidas e preocupam o mundo, como a P.1, originada em Manaus.

“Quanto mais o vírus circula livremente, maior a propabilidade. Chega uma hora que tem um limite, porque ele já vai estar ‘ótimo’, um vírus super eficiente. Mas não sabemos quando ele pode chegar lá, o quão mais eficiente pode ser e o quanto consegue escapar de vacina. Se a gente demorar para vacinar, a gente perde essa corrida e ele ganha”.

Para Pasternak, a sociedade adota um comportamento individualista diante da Covid-19. “A gente teve uma dificuldade muito grande de aprender que a Covid-19 é uma doença da sociedade, muito mais que do indivíduo”, afirma.

“A gente se perguntou muito pouco ‘o que posso fazer para impedir que essa doença se propague?'”, prossegue, criticando o governo federal, que na sua visão propagaria desinformação a respeito da doença. “O resultado é uma sociedade muito confusa, sem saber exatamente como se comportar, mesmo depois de um ano.”

A microbiologista ressalta que medidas básicas de prevenção, como necessidade de uso de máscara, distanciamento, lockdown e evitar aglomerações “não teriam deixado chegarmos nessa situação se tivessem sido implementadas e incorporadas logo no início”.

Fortalecer o SUS e combater as desigualdades sociais serão desafios pós-pandemia. “Se não fosse pelo SUS, estaríamos numa situação muito precária. Vai ser um desafio dar conta de tratar dos sequelados e dar seguimento aos tratamentos regulares que se perderam na pandemia”.

“Vamos ter que parar de varrer a sujeira para debaixo do tapete e encarar que a desigualdade é um problema social e também sanitário. Precisa ser encarado como um problema de saúde pública. É um absurdo que precise de uma pandemia para escancarar o tamanho da desigualdade que temos no Brasil”, disse.

A microbiologista Natalia Pasternak (26.mar.2021)
A microbiologista Natalia Pasternak (26.mar.2021)
Foto: Reprodução/CNN

Natalia foi entrevistada por Carol Nogueira, Débora Freitas e Roberta Russo, e quem comandou a atração foi Luciana Barreto. O CNN Nosso Mundo é exibido às sextas-feiras, a partir das 22h30. 

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Publicado por Guilherme Venaglia

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