CEO da Ryanair: Pouso forçado em Belarus foi sequestro promovido por Lukashenko
Governo de Belarus pediu que rota de voo fosse alterada alegando que aeronave estaria com explosivos; nada foi encontrado e opositor foi preso
O CEO da empresa aérea Ryanair disse nesta segunda-feira (24), durante uma coletiva, que o pouso forçado de uma aeronave da companhia em Belarus foi um sequestro apoiado pelo próprio estado.
O incidente aconteceu quando o presidente de Belarus, Aleksander Lukashenko, ordenou que um voo que partiu de Atenas, Grécia, e seguia para Vilnius, capital da Lituânia, pousasse em Minsk, Belarus. Assim que o avião entrou no espaço aéreo do país, um caça acompanhou a rota até o aeroporto.

O governo alegou que o desvio aconteceu porque a aeronave estaria com explosivos. Apesar de nada ter sido encontrado, a polícia de Belarus prendeu o jornalista e ativista da oposição de Lukashenko, Roman Protasevich, que estava a bordo.
Após o pouso forçado em Minsk, o avião retornou à rota original e aterrissou em segurança na Lituânia.
O nome do jornalista estava em uma lista de procurados pelo governo depois que ele participou de protestos de rua, em 2020, quando Lukashenko foi eleito. Segundo avalia a oposição, a reeleição aconteceu em decorrência de fraude eleitoral.
O presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, pediu que aliados da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e da União Europeia reajam ao ocorrido. Nauseda classifica o fato como uma ameaça do regime de Belarus à aviação civil internacional. A primeira-ministra lituana chegou a afirmar que vai trabalhar para o fechamento do espaço aéreo de belarus.
Estados Unidos e países da Europa também condenaram o desvio do voo e a prisão de Roman Protasevich. O governo do Reino Unido convocou o embaixador de Belarus a dar explicações sobre o caso. Nesta segunda-feira (24), o ministro das Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, afirmou que o governo de Lukashenko deve ser responsabilizado.
A Comissão Europeia pediu a libertação imediata do jornalista e afirmou que este ato “ultrajante” do governo de Belarus colocou em risco os passageiros do voo, a tripulação e disse que é mais uma tentativa de calar todas as vozes de oposição.