Cliente dá US$ 1.000 a garçonete após levantar doações em ‘live’ com amigos
Michael Carsley deveria passar 24 horas em uma lanchonete após perder uma aposta, mas resolveu usar o tempo para juntar gorjeta para a atendente


Com o fim do campeonato de futebol ameriano nos Estados Unidos, Michael Carsley já sabia qual seria a sua punição por ter ficado na última colocação em um site de apostas.
A regra: quem terminasse o jogo em último teria que ficar 24 horas em uma loja da franquia de lanchonetes Waffle House. A cada waffle comido, uma hora seria reduzida do tempo total.
Enquanto tentava comer o máximo de waffles que conseguia no dia 3 de janeiro, Carsley também encontrou um outro jeito de transformar o seu castigo em uma recompensa.
O desafio, que ele transmitiu ao vivo para os amigos nas redes sociais, se tornou uma coleta de doações para a garçonete da lanchonete. Ao fim, ela recebeu mais de US$ 1.000.
“Eu faria de novo”, disse Carsley em entrevista à CNN. “A punição era absolutamente horrível, mas valeu muito a pena.”
A aposta
Carsley, um vendedor de 32 anos de Atlanta, faz parte de um grupo de 12 aficcionados do fantansy, um jogo online de futebol americano.
Depois de ter a pior pontuação, alguns amigos se ofereceram para fazer companhia e ajudar a pagar a conta. Alguns colegas o acompanharam durante a saga. Mas, em vez da ajuda, Carsley achou que seria melhor fazer doações para os atendentes que têm sofrido com a falta de clientes durante a pandemia de Covid-19.
Ele, então, postou a sua conta e ofereceu aos amigos a possibilidade de fazer doações gorjetas.
Carsley calculava que, se conseguisse comer 21 waffles, poderia terminar a aventura em cerca de três horas. Ele poderia distribuir o desafio ao longo de um período maior, mas não tinha a menor intenção de passar o dia inteiro lá.
O pontapé inicial
Mosammar Shummi, garçonete da Waffle House há 11 anos, chegou para trabalhar naquele domingo de manhã como em qualquer outro dia. Mas, quando se aproximou da mesa de Carsley e seus amigos, logo percebeu que aquele grupo seria diferente.
Em entrevista à CNN, Shumi lembra da surpresa quando eles lhe contaram o plano. “Ele me disse, ‘eu tenho que comer 20 waffles’. E eu disse, ‘certeza?’”
Carsley começou com um prato de sete waffles, que comeu em menos de 30 minutos. Seu Facebook capturou todo o pedido, testemunhado de longe pelos amigos.
Quando ele fez o segundo pedido de sete waffles, a audiência já tinha subido a dezenas. Os alertas no aplicativo de sua conta começaram a apitar conforme a quantidade de transferências crescia.
“Eu comecei com isso achando que íamos levantar US$ 100 ou US$ 200”, disse. “E estava crescendo exponencialmente. Primeiro foram US$ 60, depois US$ 200, depois US$ 300.” As doações variavam de alguns poucos dólares até valores de dois dígitos.
O segundo tempo
Já chegando ao nono waffle, a ideia de comer 21 deles foi parecendo cada vez mais difícil. “Toda a minha esperança desapareceu”, conta Carsley. “Depois de comer o sétimo eu já tinha zero esperança.”
Pelo vídeo de sua “live” é possível ver seu sofrimento a cada mordida. Ele conseguiu acabar com a segunda leva depois de quatro dolorosas horas. Alguns colegas chegaram a sugerir o cancelamento do desafio dos waffles e a troca por alguma outra aposta.

A recompensa
Os comentários sobre o desafio logo começaram a se espalhar pelo restaurante. Carsley diz que outros clientes foram descobrindo sobre a conta para doação e começaram a depositar gorjetas também.
Recorrendo às vezes à estratégia de molhar o waffle na água, como fazem os comedores profissionais de cachorro quente, Carsley começou a alcançar a linha de chegada.
A pontuação final: 18 waffles consumidos. Quase nove horas de estadia. Uma conta de US$ 49. E, mais importante: mais de 90 doações totalizando US$ 1.040, sem que Shumi soubesse.

Em seu vídeo, Carsley mostra o valor da gorjeta para os amigos. Ele então preenche a conta e entrega para Shumi, que diz: “Meu Deus! Sério? Você está falando sério?”
“Nós queríamos fazer algo de impacto para alguém hoje”, ele responde. Emocionada, com as mãos cobrindo o rosto, a garçonete diz: “Não acredito! Obrigada!”
À CNN, Carsley contou que aquele momento foi “muito emocionante”. “Não tem preço. É uma das melhores sensações que eu já senti.”
Dias depois da transmissão, Shumi conta como o ano passado foi difícil e diz que o episódio a deixou aliviada, porque as coisas poderiam estar começando a melhorar para ela. “Ainda estou em choque”, disse.
De acordo com ela, o dinheiro ainda não foi pago, porque o valor está sendo processado pelo restaurante. Mas ela já tem planos para a gorjeta de quatro dígitos.
Shumi menciona com carinho a sua mãe e sua família em Bangladesh, que ela não vê há três anos. A passagem, agora, já está garantida.