EUA usam lei de defesa de produção para comprar todas as máscaras da 3M
Empresa vai importar mais de 166 milhões de máscaras N65; equipamento filtra 95% das partículas do ar


O surto do novo coronavírus (COVID-19) gerou uma corrida internacional por suprimentos médicos. No centro da demanda estão as máscaras respiratórias.
A China, que já era responsável por metade da produção mundial do item, expandiu a fabricação em mais de dez vezes nos últimos meses. No início deu prioridade para atender a população local, depois teve as exportações bloqueadas por países que temiam a disseminação do vírus, como os Estados Unidos. Mas outros países foram atingidos pelo surto, e a demanda mundial explodiu e gerou uma verdadeira batalha pelas máscaras.
A Casa Branca usa a lei de defesa da produção, uma lei de guerra, para exigir que as indústrias do país fabriquem produtos necessários para combater o novo coronavírus. Com base na mesma lei, o governo determinou que a 3M dê prioridade aos Estados Unidos na venda das máscaras. Isso significa que o país pode comprar toda a produção da empresa e afetar a exportação de máscaras fabricadas nos EUA para o Canadá e América Latina.
A ação do governo de Donald Trump incomodou líderes mundiais e vários países acusam os Estados Unidos de tentar sequestrar equipamentos de proteção. O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, classificou a manobra como um erro.
Em entrevista coletiva realizada na sexta-feira (3), o governador de Nova York, Andrew Cuomo, disse que “é inacreditável que o estado de Nova York, nos Estados Unidos da América, não possa fabricar esses materiais e tenha que comprar da China”.
O enfermeiro brasileiro Saulo Peres, que trabalha em Nova York, disse que no hospital em que trabalha os profissionais da saúde estão recebendo uma máscara na segunda-feira e outra só na quinta-feira.
“Isso viola muito os protocolos que o próprio hospital tinha antes. Antigamente, essas mascaras só podiam ser usadas uma vez. Devido à falta, temos que reutilizar. A gente não sabe o quão eficazes essas máscaras estão sendo para gente”, conta.
Autoridades alemãs acusam os Estados Unidos de desviar 200 mil máscaras que iriam para a polícia de Berlim, na Alemanha. Oficiais franceses alegam que americanos tentaram pagar aos chineses três ou quatro vezes o preço acordado com a França para convencê-los a enviar as máscaras para a América do Norte e não para Europa.
“Precisamos das máscaras. Não queremos outros conseguindo máscaras. É por isso que estamos acionando várias vezes o ato de produção de defesa. Você pode até chamar de retaliação porque é isso mesmo. É uma retaliação. Se as empresas não derem o que precisamos para o nosso povo, nós seremos muito duros. Já estamos sendo muito duros”, disse Trump.