Líder da oposição russa, Alexei Navalny inicia greve de fome na prisão

Político russo reclama de falta de atendimento médico, alega ser vítima de tortura e privação de sono

Alexei Navalny, principal nome da oposição na Rússia, anunciou que começou uma greve de fome para protestar contra a recusa dos funcionários da prisão em lhe conceder acesso a cuidados médicos adequados.

A informação foi divulgada nesta quarta-feira (31) no perfil do político no Instagram. 

“Eu tenho o direito de chamar um médico e obter remédios. Eles não me dão nem um nem outro. A dor nas costas passou para a perna. Partes da minha perna direita e agora da esquerda perderam a sensibilidade. Brincadeiras à parte, mas isso já é irritante “, disse Navalny.

Em uma carta manuscrita, ele informou ao chefe da colônia penal nº 2, em Pokrov, que iniciaria a greve de fome. As imagens do texto também foram compartilhadas pela equipe do opositor nas redes sociais.

“Anuncio uma greve de fome para exigir que a lei seja obedecida e que eu seja atendido por um médico de fora. Estou com fome, mas até agora ainda tenho duas pernas”, disse Navalny na postagem.

Alexey Navalny
Alexey Navalny dentro de sela durante audiência em Moscou
Foto: BABUSHKINSKY DISTRICT COURT/REUTERS

 

Um dos advogados de Navalny afirmou, na semana passada, que o opositor vinha sofrendo de dores agudas nas costas que afetaram a capacidade de andar, e que a condição dele estava sendo agravada por suposta “tortura por privação de sono”

“Em vez de assistência médica, sou torturado com privação de sono [eles me acordam 8 vezes por noite], e a administração persuade os presidiários ativistas [também conhecidos como ‘cabras’] a intimidar presidiários comuns para que não limpem ao redor da minha cama”, reforçou Navalny. 

Um grupo de médicos russos iniciou uma petição online pedindo às autoridades prisionais que permitissem que Navalny fosse tratado por um médico de fora da prisão.

De acordo com a Agência de Notícias Russas TASS, o Serviço Penitenciário Federal Russo (FSIN) informou que ele e outros presos da região fizeram exames médicos na semana passada.

Em comunicado, a FSIN garantiu que Navalny tem “condição geral boa e saúde estável”. 

Crítico do Kremlin

Crítico do governo e ativista anticorrupção, Navalny é considerado há muito tempo como um adversário espinhoso para Putin. Em agosto, ele quase morreu depois de ser envenenado com uma substância conhecida como Novichok. 

Uma investigação conjunta da CNN e do grupo Bellingcat revelou que o Serviço de Segurança Russo (FSB) pode estar envolvido no envenenamento de Navalny. A Rússia nega, mas funcionários e o próprio político culpam abertamente o Kremlin.

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin
Foto: Alexei Nikolskyi – 27.mai.2020/ Kremlin/ Sputnik/ Reuters

Navalny voltou à Rússia em janeiro depois uma estadia de cinco meses na Alemanha, onde estava se recuperando.

Assim que retornou ao país, ele foi preso por violar os termos de liberdade condicional de um caso de 2014 no qual ele foi condenado a três anos e meio de prisão.

Um tribunal de Moscou levou em consideração os onze meses que Navalny já havia passado em prisão domiciliar e decidiu que o restante da pena fosse cumprido em regime fechado.

(Este texto é uma tradução. Para ler a versão original, em inglês, clique aqui.)

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