Trump ataca governadores por escassez de testes para COVID-19
As críticas do presidente dos EUA vêm apesar de governadores democratas e republicanos terem dito que estão enfrentando falta de insumos para conduzir os exames


O presidente dos EUA, Donald Trump, culpou repetidamente governadores neste sábado (18) por não fazerem uso completo da capacidade de testagem de seus estados, apesar de vários governadores democratas e republicanos terem dito que estão enfrentando escassez de insumos para conduzir os exames.
“Eles não querem usar toda a capacidade que nós criamos. Temos uma tremenda capacidade”, disse Trump na Casa Branca. “Eles sabem disso. Os governadores sabem disso. Os governadores democratas sabem disso. Eles são os que estão reclamando.”
As críticas de Trump foram o mais recente recado do presidente contra governadores democratas, que nos últimos dias pressionaram o governo federal por mais ajuda para enfrentar a escassez de testes em meio à pressão crescente sobre eles para reabrir as economias dos estados.
Os comentários do presidente vêm depois de a Casa Branca divulgar um guia nesta semana segundo o qual os estados americanos podem entrar na primeira fase rumo à reabertura assim que observarem uma queda crescente de casos ao longo de duas semanas. Na tarde de sábado, havia mais de 732 mil casos confirmados nos EUA e ao menos 38.600 mortes, segundo a universidade Johns Hopkins.
Apesar de Trump afirmar que sua administração está trabalhando com governadores para “ajudá-los a encontrar e desbloquear a vasta e não utilizada capacidade de testagem que existe em seus estados”, o presidente sugeriu que a culpa por não usar esta capacidade é dos governadores.
“Os governadores devem usá-la”, disse Trump sobre a capacidade de testagem em laboratórios privados. “Eles estão aguardando negócios desses governadores.”
O presidente atacou governadores apesar de seus próprios especialistas em saúde terem reconhecido deficiências em testes pelo país, e ele próprio ter assumido o compromisso, na sexta-feira (17), de enviar 5 milhões de cotonetes para coleta de testes ainda este mês devido à escassez do insumo.
Tanto governadores republicanos quanto democratas têm declarado que estão enfrentando escassez de insumos para testes, o que tem afetado sua capacidade de aumentar a escala dos exames até o ponto necessário.
Os governadores de Nova York, o democrata Andrew Cuomo, e de Ohio, o republicano Mike DeWine, disseram que estão lidando com a falta de um reagente químico necessário para realizar mais exames.
Fuga das críticas
Trump tem repetidamente evitado encarar as críticas a sua conduta sobre a pandemia do novo coronavírus nas últimas semanas. Em lugar disso, o presidente americano tem buscado atribuir responsabilidade e culpa a outros, principalmente governadores democratas.
Trump tem dito que não assume “qualquer responsabilidade” pela demora de seu governo em conduzir testes em todo o país durante as primeiras semanas da disseminação do vírus nos EUA. E, apesar de o presidente tentar jogar sobre os estados o ônus de aumentar a capacidade de testagem, Trump e seus principais aliados têm repetidamente dado a seu governo o crédito de aumentar a quantidade de exames nos últimos meses.
O presidente também rejeitou qualquer falha em meio a questionamentos sobre por que motivo os EUA não fizeram compras precoces de respiradores e EPIs (equipamento de proteção individual) quando a ameaça do vírus tornou-se clara, entre janeiro e fevereiro.
No lugar disso, Trump jogou a culpa sobre um elenco rotativo de personagens que vai do governo Obama à imprensa, passando pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e a China, apesar de ele ter elogiado publicado este país durante as semanas em que o vírus começou a se espalhar pelos EUA.
O esforço de Trump para jogar a culpa sobre os governadores democratas pela fraca capacidade de testagem veio no momento em que ele pressionou alguns destes governadores a relaxar restrições em seus estados. Na sexta, Trump tweetou pedindo a “liberação” de Michigan, Minnesota e Virgínia, três swing states — estados que oscilam entre democratas e republicanos nas eleições — onde governadores democratas têm enfrentado protestos de apoiadores do presidente.