3 milhões de baianos vivem fora da terra natal e constroem outras regiões

O número corresponde à população de nove cidades baianas somadas

Bahia
 
Foto: Doc. Filmes 

A migração nordestina foi um fenômeno demográfico entre as décadas de 1930 e 1980 e, ainda hoje, os números indicam que ocorre de forma intensa. Uma rota que tem um impacto direto na economia e na construção dos estados brasileiros.

Para a historiadora Thaís Carneiro, que também é filha de migrantes baianos, a falta de formação acadêmica fez os trabalhadores reforçarem setores como os de serviços e da construção civil, principalmente no estado de São Paulo, onde vivem 1,7 milhão de baianos.

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“Muitas dessas pessoas não tinham uma formação, uma educação formal, uma formação acadêmica, e elas vão trabalhar nesta área de serviços, que é literalmente a construção dessa cidade. Foi fundamental para a concepção do que é essa São Paulo, porque os baianos foram as pessoas que trabalharam diretamente na liga para a gente construir São Paulo materialmente, não só ideologicamente, mas socialmente”, afirma Thaís.

Fonte Cultural

Culturalmente, a Bahia exportou grandes nomes da música, da literatura e das artes, como uma espécie de celeiro de criação para o Brasil e para o mundo.

Alguns deles: Caetano Veloso, Jorge Amado, Dorival Caymmi, Castro Alves, Gilberto Gil e até a primeira santa brasileira: a irmã Dulce.

“Eu nunca me senti fora do planeta. Eu poderia me sentir, né? Longe… mas eu sempre me senti no centro do mundo na Bahia”, diz a cantora e compositora Daniela Mercury.

Outro exemplo de conexão com o mundo são as obras do escritor baiano Jorge Amado, traduzidas para 49 idiomas. Amado já é um dos autores brasileiros mais lidos no exterior. 

O professor de literatura brasileira, Gildeci de Oliveira, acredita que um dos motivos que fazem a cultura baiana ser tão aceita em outros países é a forma simples como interpretam questões cotidianas e universais.

“Jorge Amado fez o que devia ser feito: ‘se quiser ser universal, comece por sua aldeia’. Ele começou pela aldeia e ele responde isso em uma entrevista a um jornal português: ‘só escrevo sobre aquilo que eu conheço, então o segredo é esse: começar pela aldeia’”, afirma Gildeci.

(*Da DOC. Films, especial para a CNN)