A relação entre água contaminada e malformação causada pelo zika vírus

De 2015 a 2016, a região Nordeste brasileira sofreu com a epidemia do zika vírus e com o aumento do número de casos de crianças com microcefalia

De 2015 a 2016, a região Nordeste brasileira sofreu com a epidemia do zika vírus e com o aumento do número de casos de crianças com microcefalia.

A quantidade significativa de recém-nascidos com malformações chamou a atenção de pesquisadores, que acabaram descobrindo a relação entre água contaminada da região e os casos de microcefalia.

Segundo o estudo, no período de 2012 a 2017, o Nordeste sofreu com a seca extrema. Os reservatórios e os rios estavam com um nível baixo, e em razão do esgoto ser lançado diretamente na água, a concentração de matéria orgânica acabou aumentando.

“A explicação está por causa da seca que propiciou o crescimento das cianobactérias, produzindo essa toxina que potencializa as ações do zika vírus neurotrópico, que ataca o cérebro das crianças”, explica Marcelo Castro, ministro da Saúde na época da epidemia do zika vírus.

A toxina a qual Marcelo se refere é a saxitoxina, um dos mais comuns e potentes neurotóxicos encontrados na natureza. Ou seja, uma substância que danifica as células nervosas.

Os pesquisadores avaliaram a concentração dessa toxina nas regiões brasileiras entre 2014 e 2018 e descobriram que 50% das amostras do Nordeste analisadas continham cianobactérias e a saxitoxina, 34% acima da média aceitável. Já as amostras da região Sudeste não chegavam a 10% de concentração dessas toxinas.

Um fator importante de proliferação de bactérias e outras toxinas é o acúmulo de água não tratada. No período de seca no Nordeste, por exemplo, a água contaminada é guardada em reservatórios e usada para consumo, em algumas regiões.

O estudo teve a participação do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), das universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e Rural de Pernambuco (UFRPE) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A conclusão da pesquisa foi divulgada em março deste ano na PLOS Neglected Tropical Diseases. 

(*Da DOC. Films, especial para a CNN Brasil)

 

 

 

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