Circulação no transporte público cresce em São Paulo e no Rio
Movimento de carros nas estradas de São Paulo subiu 10% da primeira para a segunda semana de quarentena


Levantamentos feitos pela CNN apontam aumento de circulação nas ruas de São Paulo e do Rio de Janeiro, apesar da quarentena instalada nas duas cidades por causa da pandemia do novo coronavírus.
Dados das secretarias estaduais e municipais de São Paulo apontam crescimento de 810 mil pessoas nos ônibus que circulam pela capital paulista e de 200 mil pessoas no sistema de metrô e trens.
A reportagem da CNN conversou com os secretários responsáveis por essas áreas para entender o movimento, que indica um “relaxamento” da quarentena imposta pelo governo estadual. Já nas estradas que cortam o estado o movimento subiu 10% na última semana.
Se as ruas de São Paulo voltaram a ficar movimentadas nesta quarta-feira (8) com mais carros nas ruas, o mesmo movimento foi sentido nos transportes públicos. Já no início da semana, segunda e terça-feira, o Metrô começou a registrar cerca de 200 mil passageiros a mais do que o mesmo período da semana passada. Na prática, a ocupação dos trens continua bem menor do que o usual, com lotação entre 22% e 25%.
Já nos ônibus, a Secretaria de Transportes municipal calculou aumento de 810 mil passageiros por dia. O tema foi tratado na reunião de secretariado da Prefeitura de São Paulo na terça à noite, e o prefeito Bruno Covas (PSDB) pediu que os agentes das subprefeituras endurecessem a fiscalização no comércio contra lojas abertas. A ordem é cassar o alvará de funcionamento de quem insistir em manter o funcionamento.
Às 17h30 desta quinta-feira (9), a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrou 8 km de congestionamento, 3 km deles por conta de acidentes. Muito embora seja significativamente inferior ao movimento usual da cidade, é o pico desde o decreto de quarentena do governo estadual, que começou a valer no dia 24 de março.
Chamou a atenção dos agentes de trânsito as filas formadas em supermercados na noite desta terça. Dois pontos são tidos como mais críticos, um na Avenida Guarapiranga, na Zona Sul, e outro na Avenida Edgar Facó, na Zona Norte.
Apesar disso, a prefeitura não cogita voltar a adotar o rodízio municipal de veículos, que está suspenso por tempo intederminado. O crescimento de movimento no metrô e nos trens, que transportam mais de 4 milhões de pessoas por dia, também não preocupam o governo, já que o sistema costumava ter oito pessoas por metro quadrado no horário de pico e hoje o índice está em 1,7.
Estradas de SP
O levantamento exclusivo feito pela CNN com base em dados da Secretaria Estadual de Logística e Transportes mostra que o movimento de carros nas estradas de São Paulo subiu 10% da primeira para a segunda semana de quarentena.
Os dados mostram que, entre 25 e 31 de março, 1,892 milhão de veículos foram contabilizados circulando pelas estradas paulistas. Na semana seguinte, de 1º a 7 de abril, o número subiu para 2,084 milhões de veículos. Nas semanas anteriores, o Departamento de Estradas e Rodagens (DER) já havia registrado queda gradual na circulação de carros: de 3,886 milhões para 2,472 milhões.
Rio de Janeiro
Situação semelhante acontece no Rio. Um levantamento feito pela CNN com as concessionárias de transporte público da capital fluminense indica que há mais gente nas ruas nesta semana. De segunda a quarta-feira, a Supervia, responsável pelos trens urbanos, transportou 597.058 passageiros –número 16,05% maior que de 23 a 25 de março, quando levou 498.951.
A concessionária registrou ainda aumento de circulação em todos os dias úteis neste período, quando comparados entre si (entre segundas-feiras, por exemplo). Entre a primeira semana da série e a atual, terceira da série, o aumento nos três dias avaliados já tinha sido de 11%. No entanto, o índice médio de perda de passageiros com relação a dias típicos, neste período, foi de 64,79%.
A Lamsa, responsável pela operação da Linha Amarela, via expressa municipal que liga Jacarepaguá, na Zona Oeste, à Ilha do Fundão, na Zona Norte, também registrou aumento de circulação neste período, embora não divulgue números absolutos.
Nos mesmos três dias da primeira semana, a média da circulação caiu 56,9% e em relação a um dia comum, com pico de 60,1%. Nos três primeiros dias úteis dessa semana, a perda é menor: 51,35%, com pico de 52,6%.
A concessionária Metrô Rio teve pequeno aumento de passageiros nesse período: viu seu fluxo de passageiros passar de 14,4% do habitual na primeira semana para 15,4% na segunda e 17% na terceira.
Procurada, a CCR Barcas, que tem em média 80 mil passageiros por dia e os transporta do Rio de Janeiro para a vizinha Niterói, viu esse número cair para 20 mil, em média, sem variações ao longo das semanas. A Ecoponte, responsável pela Ponte Rio-Niterói, destaca que a diminuição média de carros de passeio é de 50%, e também têm se mantido estável nesse período.
Nos casos da Ponte Rio-Niterói e das Barcas, a situação é diferente, porque é transporte intermunicipal, que conta com restrições sanitárias especiais, impostas pelo governador Wilson Witzel (PSC) para isolar a capital, onde há o maior número de casos. Assim, há fiscalização da Polícia Militar nos acessos e nas estações, para garantir que apenas integrantes das categorias profissionais consideradas essenciais transitem. Restrições como essas acontecem também em 14 estações de trem, e outras oito estão fechadas.
Na Ponte Rio-Niterói, o acesso não está liberado para ônibus e, até 1º de abril, estava fechado também para caminhões, mas a medida foi revertida pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), para evitar problemas de abastecimento. A circulação deste tipo de veículo caiu 40% em relação a dias típicos.