Justiça ainda não desarquivou inquérito sobre vazamento da Furna da Onça
Ministério Público Federal fez pedido há uma semana após as denúncias feitas por Paulo Marinho


A Justiça Federal ainda não desarquivou o inquérito da Polícia Federal que apurou suspeita de vazamento no âmbito da Operação Furna da Onça, que prendeu dez deputados estaduais do Rio de Janeiro em novembro de 2018. O desarquivamento foi pedido pelo Ministério Público Federal há uma semana para auxiliar novas investigações abertas após as denúncias feitas por Paulo Marinho.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o empresário e suplente do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) disse que seu companheiro de chapa se beneficiou de informações passadas por um delegado da Polícia Federal, que teria avisado ao político que seu assessor, Fabrício Queiroz, era mencionado nessas investigações.
Um dia depois da entrevista, o MPF, através do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial, solicitou o desarquivamento do inquérito da PF que apurou vazamento da Operação Furna da Onça em 2019. Na época, a investigação foi aberta pelo fato de diversos dos alvos da operação, ao serem presos, darem mostras de que já haviam sido informados de que estavam na mira dos policiais. Para se ter uma ideia, na decisão do desembargador Abel Gomes, que decretou a prisão dos envolvidos, há o relato de que investigados foram presos ao lado de seus advogados, com os diplomas de ensino superior separados, e sem que fossem encontrados computadores ou mensagens nos celulares dos alvos.
Após a operação ser deflagrada, em novembro de 2018, foi aberta a apuração. Mas essa primeira investigação sobre o vazamento da Furna da Onça não encontrou indícios de quem poderia ter passado informações privilegiadas aos investigados. Diante da falta de provas na apuração da PF, o MPF solicitou o arquivamento do inquérito.
Investigadores ouvidos pela CNN disseram que a tramitação deste inquérito foi “mais rápida que o habitual”. O MPF quer ter acesso aos autos para encontrar indícios sobre quem poderia ou não ter vazado informações sigilosas para Flávio Bolsonaro.
Em nota, a Justiça Federal do Rio de Janeiro informou que o inquérito arquivado está sob sigilo, mas que o juiz responsável pediu que o MPF se manifestasse sobre o assunto.
Marinho depõe outra vez
Paulo Marinho prestará outro depoimento nesta terça-feira (26), às 9h, na sede fluminense da Polícia Federal.
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Agora, a pedido da Procuradoria Geral da República, ele será ouvido no inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tentou interferir na PF. A investigação foi aberta após o ex-ministro da Justiça Sergio Moro deixar o cargo dizendo que Bolsonaro tentou intervir na corporação ao demitir o seu então diretor-geral, Maurício Valeixo, e cobrar a troca do superintendente do órgão no Rio de Janeiro. A investigação tramita no âmbito do Supremo Tribunal Federal.