O Grande Debate: O povo tem que voltar a trabalhar?
Gisele Soares e Thiago Anastácio também abordaram a possibilidade de lockdown para conter o avanço do novo coronavírus


O Grande Debate desta quarta-feira (13) abordou a declaração feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na saída do Palácio do Alvorada nesta manhã. “Tem o desemprego do lado. O povo tem que voltar a trabalhar”, disse ele, que voltou a defender o isolamento vertical durante a pandemia, ou seja, voltado apenas para as pessoas que integram o grupo de risco.
O mediador da edição matinal do quadro, Reinaldo Gottino, questionou os advogados Thiago Anastácio e Gisele Soares se está na hora dos brasileiros voltarem a trabalhar apesar dos mais de 177 mil casos e 12.400 mortes confirmadas no país, segundo o Ministério da Saúde, no balanço divulgado na terça (12).
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Gisele Soares concordou com Bolsonaro e pediu que governantes sejam cobrados pela volta ao trabalho. “Sim, precisamos voltar a trabalhar. Essa é uma demanda das pessoas e o presidente tem razão quando cita essa situação dramática da pessoa que não tem o que comer. É preciso que haja essa conscientização dos gestores para que se comecem os debates e planejamentos para isso e comecem a olhar para essa possibilidade, com urgência, porque a economia está sofrendo muito”, avaliou ela.
Thiago Anastácio disse que “os trabalhos são importantes e que devemos pensar no futuro”, mas divergiu da opinião da colega advogada quanto ao momento em que essa volta aos empregos deve acontecer. “Devemos voltar a trabalhar? É óbvio que sim, mas devemos voltar agora? Temos que analisar as consequências mediatas e imediatas disso”, ressaltou. “As pessoas que estão contaminadas com a Covid-19 estão morrendo sufocadas nos hospitais por falta de equipamento”, acrescentou.
Lockdown contra Covid-19
Ainda falando sobre a Covid-19, Gisele Soares e Thiago Anastácio também abordaram a possibilidade de lockdown para conter o avanço do novo coronavírus e quais os posicionamentos deles sobre essa alternativa, já adotada em algumas cidades pelo país.
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Gisele Soares defendeu que a medida mais restritiva deve ter embasamento jurídico. “É preciso que haja fundamentação legal e técnica, porque é preciso que seja aplicada de forma temporária e em um momento específico em que tenha realmente uma efetividade para o achatamento da curva, que é o que buscamos com todas essas medidas restritivas”, disse. “Sem isso, sou absolutamente contra”, completou.
Thiago Anastácio afirmou que vê com bons olhos quando “todas as ações são baseadas em fatos científicos”, mas citou que entende que o dinamismo do vírus impede conclusões. Com isso, ele afirmou que, caso feito, o lockdown deve ser local, considerando a extensão continental do país. “Com o Brasil sendo do tamanho que é, as medidas devem ser tomadas distintamente”.