PM do RJ não cumpre promessa de equipar fardas com câmeras

O projeto foi anunciado em janeiro como parte de uma estratégia do então governador Wilson Witzel de reformulação do programa de pacificação de favelas cariocas

Anunciada pelo governo do Rio no começo do ano, a promessa de equipar as fardas dos policiais militares com microcâmeras não saiu do papel. O projeto foi anunciado em janeiro como parte de uma estratégia do então governador Wilson Witzel de reformulação do programa de pacificação de favelas cariocas. Veio a pandemia, Witzel foi afastado e a ideia, que poderia servir de antídoto contra abordagens policiais desastrosas e ferramenta para auxiliar o policiamento nas ruas, ficou no papel. 

A PM do Rio têm 174 contratos em vigor, de acordo com levantamento feito pela CNN no Portal da Transparência do governo do Rio. Nenhum deles faz referência a compra de câmeras para as fardas dos policiais. A ideia inicial, segundo anúncio feito em janeiro pelo governo do Rio, era fazer com que pelo menos 200 policiais da  Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, Zona Sul do Rio, usassem o equipamento. A ideia era que as imagens fossem analisadas em tempo real em um centro integrado, para auxiliar, por exemplo, na identificação de pessoas com mandados de prisão em aberto. 

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Depois da Rocinha, o projeto seria expandido para outras favelas. É pelo menos a terceira vez, nos últimos três anos, que o governo do Rio anuncia planos para tentar equipar as fardas dos PMs com câmeras. Em São Paulo, por exemplo, policiais começaram a usar fardas com câmeras em agosto deste ano.

Para o ex-chefe do Estado Maior da PM do Rio, coronel da reserva Robson Rodrigues, o uso de câmeras traria benefícios para os policiais. “As imagens transmitidas de um confronto, por exemplo, podem facilitar em um pedido por socorro. É claro que policiais que atuam na clandestinidade, nocivos, não vão querer a câmera. Mas ela não vai servir só para produzir provas contra uma abordagem policial ruim”, avalia o coronel. 

Em nota, a Polícia Militar confirmou que o plano de equipar as fardas com câmeras sofreu atraso em virtude da pandemia de coronavírus e que mantém o plano de implantar o equipamento. “Os estudos preliminares a respeito das características técnicas a serem exigidas na licitação foram concluídos”, informou a corporação.

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