Policiais envolvidos no massacre de Pau D’Arco (PA) falam pela primeira vez
Equipe da CNN investiga a maior chacina contra trabalhadores rurais dos últimos 10 anos


Um sargento e um soldado. Depois de quatro meses de negociação, dois dos 16 policiais acusados de envolvimento no Massacre de Pau D’ Arco, no Pará, decidem falar com a repórter Adriana Farias, que trabalha para o CNN Séries Originais. Com medo de represálias, os policiais preferem não revelar os nomes, mas aceitaram mostrar o rosto.
De acordo com processo judicial do caso de Pau D’Arco, o sargento e o soldado tiveram relação direta com as mortes da chacina. No dia 24 de maio de 2017, dez trabalhadores rurais foram assassinados durante uma ação policial na ocupação da Fazenda Santa Lúcia, em Pau D’arco, no Pará. É a maior chacina no campo nos últimos dez anos.
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Três anos após o massacre, enquanto aguardam julgamento, os acusados se defendem e afirmam que a tragédia só aconteceu porque houve confronto entre os policiais e os posseiros. “Na realidade, o policial é preparado para aquilo ali”, rebate o soldado.
Ele também alega legítima defesa no conflito com os trabalhadores rurais. “Jamais você vai ser agredido e não vai esboçar uma reação. Você vai querer se defender”, diz.
No processo judicial, outros dois policiais que decidiram contribuir com a investigação, detalharam a operação. Eles afirmam terem visto o sargento colocando uma arma na mão de um dos posseiros que já estava morto para simular um confronto e alterar a cena do crime. O sargento nega a versão do delator e passa a bola para o advogado dele. “É melhor deixar isso para o advogado responder”.
Apresentado por Evaristo Costa, o Séries Originais vai ao ar aos domingos, às 19h, na CNN. Conheça qual é o canal na sua operadora para assistir aos outros episódios.
*Da DOC. Films, especial para a CNN Brasil