‘Bolsonaro e Mourão minimizam questão ambiental’, diz ex-diretor do Inpe
Para Ricardo Galvão, discurso do governo federal preocupa, pois diz que o aquecimento global não existe e que o país preserva a Amazônia
O ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, disse à CNN nesta quinta-feira (24) que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), “têm sempre minimizado” a questão ambiental.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje um levantamento que mostra que entre 2000 e 2018 os biomas terrestres brasileiros perderam cerca de 500 mil km² da sua cobertura natural.
A maior perda foi do bioma Amazônia (269,8 mil km²), seguido pelo Cerrado (152,7 mil km²). Já a maior perda percentual ocorreu no Pampa: menos 16,8% de área natural.
Sobre os dados, Mourão afirmou que o governo atual não tem nada a ver com isso. “O estudo do IBGE apresenta que de 2000 a 2018 foram 270 mil km² desmatados na Amazônia. Não tem nada a ver com a gente, né”, quetionou o vice-presidente.
Mourão disse também que “recordes acontecem”. “Você vê… 18 anos de governos ditos preocupados com o meio ambiente, 270 mil km² desmatados. Ano passado, primeiro ano do nosso governo, foram 10 mil km². Se você multiplicar por 18 dá 180 mil, bem menos que 270. Então, não dá para ficar nessa guerra de números. O que a gente tem que fazer é reduzir as ilegalidades”, declarou.
Para Ricardo Galvão, é “muito preocupante” não só essa reação do vice-presidente da República como também o discurso de Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU.
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“Eles têm sempre minimizado a questão. Inclusive, dizem, explicitamente, que o Brasil é o país que mais preserva suas matas”, falou.
E continuou: “O Brasil, há 30 anos, é o país que mais desmata no mundo. É claro que não é culpa só desse governo, mas eles estão mudando o discurso”.
De acordo com o ex-diretor do Inpe, também não é verdade que os outros governos não fizeram nada. “De 2004 a 2012 o Brasil decresceu a área desmatada na Amazônia de 80% e tomou várias medidas importantes para aumentar o número de reservas legais”, argumentou.
“A grande preocupação agora é o discurso desse governo, que tenta denegar isso, dizer que o aquecimento global não existe e que o Brasil preserva a Amazônia. Isso é preocupante e está realmente acabando completamente com o protagonismo que o Brasil tinha, no passado, na liderança da questão ambiental no mundo todo”, opinou.
Galvão destacou ainda que o país era muito elogiado desde o início do século até mais ou menos 2014 pelas ações para coibir o desmatamento na Amazônia.
(Edição: Sinara Peixoto)