Comitê ainda não produziu efeito concreto contra pandemia, diz governador do ES
Renato Casagrande diz que organismo está incompleto sem governadores e prefeitos; ele também falou sobre a questão do kit intubação e desmatamento
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), afirmou nesta sexta-feira (16) que o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia de Covid-19 ainda não produziu efeito concreto de combate à pandemia.
“Olha, esse comitê é federal, não é nacional. É um comitê que ficou incompleto porque não tem governadores – que estão organizando e executando a política nos estados, gerenciando os hospitais – e não tem os prefeitos – muitos gerenciam hospitais e enfrentam a pandemia”, disse Casagrande, em entrevista à CNN.
“Até agora, o comitê não produziu um efeito concreto, efetivo, em relação ao enfrentamento da pandemia (…) É bom que ele exista, melhor ter ele do que não ter nada, mas ficou incompleto e está sendo dominado pelos assuntos do dia a dia, como CPI da Covid, relações com Supremo, problemas dentro do governo”, completou.
Casagrande afirmou que o comitê foi formado “mais como um ato político, e não executivo” e que sentiu falta da presença de pessoas indicadas pelos governadores e prefeitos para trabalharem em conjunto com o governo federal.
Kit intubação
O governador também afirmou que a grave situação em que muitos estados se encontram em relação aos insumos do chamado “kit intubação” é um reflexo da falta de coordenação nacional do Ministério da Saúde.
“Se tivéssemos tido, desde o início, uma comissão de governadores, prefeitos e o do Ministério da Saúde trabalhando juntos e discutindo em uma comissão executiva, não teríamos chegado na situação que chegamos”, opinou.
Ele concordou com o ministro Marcelo Queiroga, que disse que a compra dos insumos do kit também é responsabilidade de estados e municípios.
“Os próprios estados, sobretudo dos grandes estados, poderiam buscar esses medicamentos seja no mercado internacional, seja no mercado nacional. Eles têm elementos para fazer isso e se associar ao Ministério da Saúde (…) Não é só empurrar para as costas do Ministério, vamos deixar bem claro. É uma atuação tripartite. Se instituições privadas buscam importações e trazem esses insumos para cá, por que grandes estados não fazem isso?”, disse Queiroga, em entrevista coletiva na quinta-feira (15).

Para Casagrande, porém, não se pode “desconhecer o papel do governo federal e do Ministério pelas relações que tem na diplomacia internacional e que podem ajudar a resolver esse problema”.
“Queremos, sim, trabalhar juntos e queremos que o governo federal cumpra esse papel de coordenação, que é fundamental.”
Desmatamento
Por fim, ele também comentou a iniciativa recente de um grupo de governadores e do presidente Jair Bolsonaro de, separadamente, entrarem em contato com o governo dos EUA sobre a questão do desmatamento no país.
“Veja como é importante a polícia, a boa e a correta decisão política. Na hora que saiu o Trump e entrou o Biden o vento mudou de direção. A iniciativa do presidente Bolsonaro, queremos registrar, é decorrente dessa mudança porque o governo federal tem pouca sensibilidade para o tema”, afirmou.
“Mas antes disso, já tínhamos começado a conversar entre nós, governadores, e as entidades, para que tenhamos ação articulada. Muitos temos programas estaduais de mudanças climáticas. Como mudou o ambiente político nos EUA, achamos que era fundamental estabelecermos um canal de negociação”, completou.
“Podemos apresentar propostas, fazer intercâmbio tecnológico, termos uma relação política que permita colocar os governadores como protagonistas desse tema, sem excluir o papel do governo federal.”