Deputados federais debatem reação de Bolsonaro a operação sobre fake news

Enquanto Enio Verri (PT-PR) vê Bolsonaro ultrapassando barreiras em suas declarações contra o STF, Paulo Martins (PSC-PR) diz que as falas são apenas retórica

Diante da conturbada semana na política brasileira, o Debate 360 promoveu uma discussão entre os deputados federais Enio Verri (PT-PR) e Paulo Martins (PSC-PR) sobre a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) depois da operação policial, dentro do inquérito sobre fake news conduzido pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que mirou seus aliados.

Após a operação, Bolsonaro disse que “ordens absurdas” não devem ser cumpridas e que o inquérito sobre fake news é “inconstitucional”, além de prestar solidariedade aos aliados que foram alvo da investigação.

“O que está constatado é que Bolsonaro só trabalha na crise, e quando não tem ele a cria. O que ele vai fazer? Prender os ministros do STF? Fechar o Congresso? Isso não cabe mais. Bolsonaro precisa disso para chamar a atenção, então a expectativa é que ele continue”, afirmou Verri.

Para Paulo Martins, a reação de Bolsonaro sobre as investigações das fake news não significa risco de quebra da ordem.

“Não vejo risco de ruptura institucional, não há meios para isso, nem o desejo de Bolsonaro apesar da sua retórica. Isso é apenas retórica”, afirmou.

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Enio Verri diz entender a fala de Martins sobre serem válidas as críticas do presidente, mas fez a ressalva de que ameaças ultrapassam o limite do aceitável. O petista lembrou de uma fala do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, de que a ruptura institucional neste momento é questão de tempo.

“Sabemos que o histórico da família não é de defesa da democracia. Bolsonaro quando deputado defendeu ditaduras diversas vezes”, disse Verri.

“Eduardo não fala pelo pai”, disse Paulo Martins. “A gente perde tempo discutindo tensões políticas ao invés de discutir reformas vitais para nosso país.”

Interferência na PF

Questionados sobre a investigação de possível interferência de Bolsonaro na Polícia Federal, Paulo Martins disse ver o inquérito como ilegal, uma vez que não haveria provas para sustentá-la.

Ele ainda disse que há uma “zona cinzenta” sobre o que é ou não interferir na PF, e enxerga a disputa de Bolsonaro e Moro como um problema político.

“Pode ter ocorrido um acordo político de que o diretor-geral da PF seria indicado por Moro e o presidente rompeu com a promesso. Isso é um problema político”, afirmou.

Já Enio Verri afirmou não ter simpatia por nenhum dos dois envolvidos, e que nesta disputa está “do lado da briga”, mas que há indícios para suspeitar que Bolsonaro mexeu no comando da PF com o intuito de blindar sua família.

“Não vejo problema em trocar o comando da PF, mas na gravação da reunião ministerial ele fala que no Rio de Janeiro estão criando problemas para a família dele e amigos, e que ele não ia admitir isso.”

 

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