Governo não tem diálogo amplo com a sociedade, avalia cientista político

Para professor do Insper, presidente "reage às notícias que vão chegando para ele"

O governo federal desistiu nesta terça-feira (15) de criar o Renda Brasil, que unificaria programas sociais, como o Bolsa Família. Para o cientista político e professor do Insper, Carlos Melo, a aprovação do projeto poderia gerar problemas políticos e econômicos.

“Há limites do ponto de vista fiscal. O presidente precisaria negociar isso com a sociedade, com o Congresso Nacional, deveria estabelecer um diálogo muito mais amplo. Mas não é da sua natureza. O presidente Bolsonaro é um sujeito reativo. Ele reage às notícias que vão chegando para ele”, avaliou em entrevista à CNN.

Segundo o docente, é necessário ter um time, uma visão de futuro e colocar as ideias da forma mais organizada possível. Mas o Executivo não tem conseguido fazer isso.

Assista e leia também:

Renda Brasil: impacto no PIB e volta do liberalismo? O que pensam os economistas

‘Cartão vermelho’ de Bolsonaro foi para secretário especial de Guedes

Governo federal descarta criação do programa Renda Brasil

Carlos Melo
Carlos Melo, cientista político e professor do Insper
Foto: CNN (15.set.2020)

“O governo tem que dar conta das questões sociais, há muita gente desprotegida, e a pandemia demonstrou isso. Por outro lado, existem restrições sérias do ponto de vista fiscal. Há uma vigilância do mercado financeiro que pode, com isso, assustado, despertar alguns preços da economia, como o dólar”, explicou.

“Então, a equipe econômica sinaliza para um lado e pega o presidente desprevenido, que reage da sua forma peculiar”, continuou.

Além disso, na avaliação de Melo, o Centrão tem cerceado a atuação da equipe econômica. “Protege o presidente no que diz respeito aos perigos de não ter uma maioria para todos os problemas que Bolsonaro tem, mas não consegue fazer avançar a agenda da equipe econômica, que é de reforma”, concluiu.

(Edição: Sinara Peixoto)

 

 

 

Tópicos