Lenio Streck: ‘Se Dallagnol ganhar mais uma, o que restará do CNMP?’

Para o jurista, o coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba está usando de todos os recursos “possíveis e inimagináveis” que sempre criticou

Dois processos disciplinares contra o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, saíram da pauta do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu na segunda-feira (17) as ações que tramitam no CNMP e poderiam afastar Dallagnol da função. O ministro Luiz Fux antecedeu o voto do decano do STF e suspendeu uma advertência imposta a Dallagnol pelo CNMP.

Para o jurista Lenio Streck, Dallagnol está usando todos os recursos “possíveis e inimagináveis” que sempre criticou que os outros fizessem.

“Ele está experimentando agora como é bom ter garantias a seu favor. E eu, como grande, parte da comunidade jurídica, sempre disse que ele tinha todo o direito de fazer tudo isso”, falou em entrevista à CNN.

No entanto, o jurista questiona: “se Deltan ganhar mais uma, o que restará do próprio CNMP?”

“A grande questão é saber neste momento, com a decisão de Luiz Fux e a de Celso de Melo, qual é o tamanho da desidratação do CNMP”, acrescentou.

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Lenio Streck
O jurista Lenio Streck
Foto: CNN (18.ago.2020)

E completou. “A questão é se, durante toda a Lava Jato, o modo de proceder da própria força-tarefa foi esse que o próprio Deltan está fazendo hoje para escapar de uma análise e até, quem sabe, de uma punição. Mostra exatamente um certo desdém pelas instituições”.

(Edição: Sinara Peixoto)

 

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