Morre Jorge Picciani, ex-presidente da Alerj

Ex-deputado estadual de 66 anos estava internado em São Paulo e foi vítima de um câncer na bexiga. Velório deve ser na sede do Legislativo do Rio de Janeiro

Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Janeiro (Alerj) entre 2003 e 2010, e depois reassumindo o cargo em 2015, para deixá-lo em 2017, Jorge Picciani (MDB) faleceu na madrugada desta sexta-feira (14), em um hospital particular de São Paulo, onde fazia tratamento contra um câncer na bexiga, do qual se tratava desde 2017.

A informação foi confirmada por Leonardo Picciani, filho mais velho do ex-parlamentar. Ele deixa cinco filhos e viúva.

Picciani tinha 66 anos, exerceu seis mandatos como deputado estadual, foi presidente estadual do partido e era o líder de uma família de políticos. Seu filho mais velho, Leonardo Picciani, foi ministro do esporte no governo do presidente Michel Temer e líder do PMDB na Câmara dos Deputados. Raphael Picciani foi eleito deputado estadual em 2014 e, na Alerj, atuou na mesma legislatura na qual o pai foi presidente da casa.

O político era formado em contabilidade, pela Uerj, e em estatística, pela ENCE, embora fosse percebido como um quadro de centro-direita, foi secretário estadual de Esporte e Lazer em 1993, no governo de Leonel Brizola, quando estava no PDT.  No ano seguinte, quando Marcello Alencar foi eleito governador, Picciani foi líder da bancada de oposição na Alerj. Foi no Palácio Tiradentes onde ele se aproximou daquele que se tornaria seu aliado político mais importante: o então jovem deputado estadual Sérgio Cabral Filho.

Presidente da Alerj, Andre Ceciliano (PT) ofereceu o Salão Presidente Vargas, do Palácio Tiradentes, para a realização do velório do ex-presidente da casa. Picciani foi um dos alvos da Operação Cadeia Velha, um desdobramento da Operação Lava-Jato no Rio de Janeiro, que apurava o pagamento de mesada para que deputados votassem de acordo com interesses do setor privado de transportes do Rio de Janeiro.

O ex-deputado foi preso preventivamente em novembro de 2017, em decorrência da Operação Cadeia Velha, e chegou a ser condenado por 21 anos de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e organização criminosa. Ele, no entanto, recorria da decisão, cumpria prisão domiciliar e estava sem mandato.

Picciani foi também alvo da operação Furna da Onça, na qual deputados estaduais foram investigados sobre a acusação de receberem propinas e cargos para que votassem de acordo com os interesses do governo. Nas duas ações, o ex-presidente da Alerj teve mais de R$ 150 milhões bloqueados de suas contas pelo Judiciário.

A prisão domiciliar de Picciani foi admitida pelo Judiciário justamente em virtude do câncer do qual o ex-deputado se tratava. Jorge Picciani comandou a Alerj e o MDB no momento de maior hegemonia do partido no estado, durante os governos de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão. As investigações oriundas das operações Furna da Onça e Cadeia Velha são concentradas em práticas que teriam ocorrido no período dos dois governos.

Na eleição de 2010, Jorge Picciani tentou se eleger senador, aproveitando o bom momento eleitoral do partido no estado. Na ocasião, recebeu mais de três milhões de votos, mas acabou em terceiro lugar, em um pleito no qual o estado elegeu como representantes Lindbergh Farias (PT) e Marcelo Crivella (PRB). Sempre que concorreu à presidência da Alerj, Picciani foi eleito para o cargo sem que houvesse rival na disputa.

Quatro anos depois, quando o PMDB apoiava a chapa de Dilma Rousseff (PT) na corrida ao Palácio do Planalto, Picciani comandou a dissidência da sigla, defendendo o apoio a Aécio Neves (PSDB), eu uma dobradinha com o então candidato do partido ao governo do estado, Luiz Fernando Pezão, em chapa batizada como “Aezão”. Além das divergências entre o diretório estadual do partido e o nacional, e as diferenças com o PT, pesaram na decisão o fato de o vice-governador da chapa de Pezão, Francisco Dornelles (PP) ser primo de segundo grau do ex-governador mineiro e então postulante ao Palácio do Planalto.

Trajetória eleitoral

1990 – Eleito deputado estadual pelo PDT, com 14.430 votos

1994 – Eleito deputado estadual pelo PDT, com 31.192 votos

1998 – Eleito deputado estadual pelo PMDB, com 42.228 votos

2002 – Eleito deputado estadual pelo PMDB, com 46.385 votos

2006 – Eleito deputado estadual pelo PMDB, com 76.468 votos

2010 – Derrotado na disputa pelo Senado, pelo PMDB. Ficou em terceiro lugar, com cerca de três milhões de votos (20,73%).

2014 – Eleito deputado estadual pelo PMDB, com 76.590 votos.

 

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