MP suspeita que polícia do Rio tenha protegido autoridades em investigação

Entre diálogos não transcritos estão os que foram travados entre um dos denunciados e o hoje governador em exercício do Rio, Claudio Castro

O Ministério Público do Rio quer que seja investigada a possibilidade de policiais civis do Rio terem atuado para proteger autoridades fluminenses na apuração de supostos escândalos ocorridos na Fundação Leão XIII, que pertence ao governo estadual.

Em documento que faz parte da denúncia encaminhada à Justiça, os promotores citam que o Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD), da Polícia Civil, não fez a transcrição de “mensagens importantes para a investigação” e que estavam em celulares apreendidos.

O MP diz que determinara à perícia a extração integral dos conteúdos dos celulares, “causando perplexidade a postura do DGCOR/PCERJ, fazendo crer que possa ter havido algum temor de que as investigações pudessem chegar a algumas autoridades do Estado do Rio de Janeiro”.

Entre diálogos não transcritos estão os que foram travados entre um dos denunciados e o hoje governador em exercício do Rio, Claudio Castro, à época, vereador da capital fluminense.

Segundo o documento do MP, as investigações da polícia não citam “qualquer referência ao envolvimento de outros denunciados e integrantes da política fluminense, inclusive com elevada influência, muito embora haja transcrição de várias mensagens relativas a outras pessoas e fotografias”.

Para os promotores há indícios de que policiais tenham retardado uma das diligências da primeira fase da operação, no ano passado, para proteger integrantes da suposta quadrilha, entre eles, Mario Jamil Chadud, que é delegado da Polícia Civil.  

Segundo eles, o atraso  permitiu que Chadud retirasse documentos, dinheiro e computadores da sede de uma das empresas suspeitas de fraudes, local “onde vários políticos e pessoas de confiança, recebiam propinas em espécie”.

Entre as “situações anômalas” registradas na atuação da polícia no caso, os promotores também citaram a remoção, do trabalho de investigação, de uma “autoridade policial” que estava “realizando todos os depoimentos de testemunhas e investigados”. 

Segundo o MP, o policial,  que aparentava ser o “mais atuante na investigação”, foi retirado do DGCOR e foi designado para atuar “como plantonista em outra unidade policial, deixando a investigação, apesar desta ser muito sensível e importante no combate à corrupção”.

A CNN solicitou uma posição da Secretaria de Polícia Civil do Rio de Janeiro em relação às suspeitas e críticas do MP, mas ainda não obteve resposta.

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