O Grande Debate: já é hora de diminuir o isolamento da população?
Tomé Abduch e Ariel de Castro Alves debateram sobre a possível flexibilização da quarentena e lockdown da região metropolitana de São Luís


O Grande Debate da noite desta sexta-feira (1ª) abordou dois temas. Primeiro, o empresário Tomé Abduch, e o advogado e conselheiro do Condepe (Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo), Ariel de Castro Alves, discutiram o que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje. Em um recado sobre o Dia do Trabalhador, o chefe do Executivo afirmou que gostaria de ver a população trabalhando, mas quem decide isso não é ele, e sim os governadores e prefeitos. Depois, debateram sobre a decisão do Poder Judiciário, que obrigou o Maranhão a estabelecer o bloqueio total (lockdown) das atividades não essenciais na região metropolitana de São Luís.
Primeiro a falar, Tomé disse que é muito triste ver inúmeras pessoas morrendo por conta do novo coronavírus, mas, por outro lado, “devemos ter a consciência de que a economia também é importante”. “É este o equilíbrio que venho trazer para cá. Será que os nossos governadores tomaram as posturas corretas de começarem o isolamento há um mês? Será que a curva realmente diminuiu? Será que isso não prejudicou a nação brasileira?”, questionou.
Já Ariel acredita que os prefeitos e governadores agiram corretamente e que o presidente, ao invés de se preocupar se as pessoas estão ou não no trabalho, precisa “se preocupar se elas estão vivas porque se elas não estiverem, não vão conseguir ir ao trabalho. “O lema atual do presidente da República é o lucro, a economia, o dinheiro acima de tudo e a vida abaixo de tudo. Ele pode acabar se transformando em um genocida se continuar com essa obsessão de que as pessoas precisam estar nas ruas”, disse.
Para Tomé, chamar o presidente de genocida é uma “indelicadeza”. Ele então disse sobre os posicionamentos dos governadores. “Vamos lembrar que os governadores que já declaravam nas redes sociais que teríamos problemas em fevereiro, março e abril, não tomaram nenhuma providência para o Carnaval”, afirmou. “Nós temos que entender que a economia vai matar muito mais do que o próprio coronavírus. Não tiro a seriedade do coronavírus, mas o que imagino ser o correto neste momento é o equilíbrio para a tomada de uma decisão correta”.
Ariel rebateu e disse que parece que a “grande raiva dos bolsonaristas, daqueles que são da direita e até fascistas, é de terem que implementar programas sociais, renda básica que são históricas reivindicações da esquerda. O Estado está aí para socorrer o povo, o bem maior da sociedade é a vida e é agora que o Estado tem que agir para manter as pessoas vivas”.
Os debatedores ainda falaram sobre a posição do novo ministro da Saúde, Nelson Teich, que disse ontem que ninguém está pensando em relaxar o isolamento neste momento.
Para Ariel isso mostra que “o discurso do presidente destoa de quem tem o mínimo de bom senso e de seriedade.
Tomé falou novamente sobre a economia e o emprego e disse que ninguém está falando para as pessoas voltarem ao trabalho normalmente. “Nós não podemos esconder que o que vai acontecer com o Brasil no dia seguinte do coronavírus é muito sério. Hoje, já temos mais de 13 milhões de desempregados no Brasil”, afirmou. “É claro que existem cidades que já estão entrando em colapso no sistema de saúde. Essas sim podem adotar formas mais rígidas para as pessoas estarem em casa”, continiou.
Lockdown em São Luís
O segundo assunto do debate foi se a Justiça que deve decretar o bloqueio total das cidades para evitar o avanço da doença.
Ariel entende que sim. “É importante que a Justiça, já que muitos acabam tendo essas dificuldades políticas, como protestos e carreatas, então se a Justiça decretar existe um respeito maior por parte dessas pessoas. É necessário onde as pessoas não aderiram que a Justiça tenha uma intervenção através de ações do próprio Ministério Público, da Procuradoria Geral da República, com base na nossa Constituição”.
Para Tomé, “a pior ditadura que podemos ter é a do Poder Judiciário”. Depois, Tomé citou alguns dados do IBGE sobre o Maranhão e perguntou: “Como nós pensamos em cuidar de uma população onde 54,1% vive com menos de R$ 400 e tem 81% da população sem saneamento básico? Será que durante todos esses anos essas pessoas [as autoridades] não conseguiram olhar para esses estados de maneira responsável?”
Ariel concordou com Tomé sobre “o legado da família Sarney” no estado, mas disse que agora é um momento de salvar a vida das pessoas do Maranhão. “Nós temos que preservar a vida dos maranhenses. A vida do maranhense não é menos valiosa que a vida do paulista ou do sulista como muitos de vocês acham”, disse.
Argumentos finais
Em sua fala final, Tomé disse que “democracia são as pessoas nas ruas, podendo se manifestar, dizendo o que elas querem. Nós amamos o Brasil e o Brasil vai dar certo, tenho certeza disso”.
Já Ariel terminou sua fala dizendo que “gente de bem que defende a morte, gente de bem que vai para a rua disseminar vírus, que vai para a rua contra as medidas preventivas de saúde, não é gente de bem”.