PGR pede que PF ouça suplente sobre acusação de vazamentos a Flávio Bolsonaro
De acordo com Paulo Marinho, a Polícia Federal informou Flávio com antecedência sobre operação que investigaria seu assessor Fabrício Queiroz


A Procuradoria Geral da República (PGR) solicitou à Polícia Federal (PF) neste domingo (17) que ouça o depoimento do empresário Paulo Marinho sobre as acusações de vazamentos da Operação Furna da Onça ao senador Flávio Bolsonaro, de quem Marinho é suplente. O depoimento deve integrar o inquérito que apura as acusações de que o presidente Jair Bolsonaro teria interferido indevidamente na PF.
A operação Furna da Onça investigou esquemas de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e envolvia o nome de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flavio Bolsonaro. De acordo com Marinho, que falou a reportagem publicada neste domingo (17) pelo jornal “Folha de S. Paulo”, a Polícia Federal antecipou ao filho do presidente, em 2018, que Queiroz seria alvo da operação. Ainda de acordo com Marinho, a PF segurou a operação para depois da eleição, em outubro daquele ano, “porque isso poderia atrapalhar o resultado da eleição”.
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Em sua solicitação, a PGR pede também que, além de Marinho, a PF ouça o chefe de gabinete de Flávio, Miguel Ângelo Braga Grillo. Além disso, pede que seja disponibilizada uma cópia integral de inquérito anterior da PF que apurou supostos vazamentos relativos à operação Furna da Onça.
Em nota publicada mais cedo no domingo, a PF já havia informado que vai abrir um inquérito a partir da entrevista de Marinho para investigar a acusação de vazamentos.
Também neste domingo, Marinho afirmou, por meio de sua conta do Twitter, que pediu ao governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e terá proteção policial para ele e sua família, após a repercussão da reportagem.
Flávio Bolsonaro comentou o caso através de nota: “O desespero de Paulo Marinho causa um pouco de pena. Preferiu virar as costas a quem lhe estendeu a mão”, escreveu o senador. “É fácil entender esse tipo de ataque ao lembrar que ele, Paulo Marinho, tem interesse em me prejudicar, já que seria meu substituto no Senado. Ele sabe que jamais teria condições de ganhar nas urnas e tenta no tapetão. E por que somente agora inventa isso, às vésperas das eleições municipais em que ele se coloca como pré-candidato do PSDB à Prefeitura do Rio, e não à época em que ele diz terem acontecido os fatos, dois anos atrás? Sobre as estórias, não passam de invenção de alguém desesperado e sem votos.”
Relator diz que operação não foi adiada
O desembargador federal Abel Gomes, realtor do processo da Operação Furna da Onça no TRF2, declarou em nota, divulgada na noite de domingo, que a operação não foi adiada.
“Cumpre destacar que a Operação Furna da Onça não foi adiada, mas sim deflagrada no momento que se concluiu mais oportuno, conforme entendimento conjunto entre o MPF, a PF e o Judiciário. O fundamento foi que uma operação dirigida a ocupantes de cargos eletivos, deputados em vias de reeleição inclusive, como foi a Furna da Onça, não deveria ser deflagrada em período eleitoral, visto que poderia suscitar a ideia de uso político de uma situação que era exclusivamente jurídico-criminal, com o objetivo de esvaziar candidatos ou até mesmo partidos políticos, quaisquer que fossem, já que os sete deputados alvos da Furna da Onça eram de diferentes partidos”, declarou Gomes.
“Sendo assim, concluíram as autoridades que o correto e consentâneo com a lei seria realizar a ação policial após a conclusão do segundo turno das eleições de 2018. Tratou-se de precaução lídima, lógica e correta das autoridades envolvidas na persecução penal: a Justiça Federal, o Ministério Público Federal e a Polícia federal”, completou.
* Com informações de Caio Junqueira, analista de política da CNN.