‘Provas do MP contra Queiroz já são significativas’, analisa ex-procurador

Ricardo Prado avaliou que existem "ligações indiretas" entre Queiroz e o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido)

Ex-procurador da Justiça de São Paulo, Ricardo Prado avaliou nesta sexta-feira (19) o caso que investiga Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) preso na quinta-feira (18). Em entrevista à CNN, ele disse considerar que já há elementos importantes que apontam para a existência do chamado “esquema de rachadinhas”.

“Temos uma situação importante com elementos de convicção significativos. Há movimentação financeira que aponta para o desvio de recursos públicos, com funcionários fantasmas e valorização de salários para esse desvio. Boa parte disso já está documentado no processo”, afirmou.

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“É óbvio que ainda teremos que ouvir as pessoas para que elas possam dar seus esclarecimentos, o que vai acontecer no decorrer do processo, mas o que há de prova do Ministério Público Federal já é muito significativo”, acrescentou.

Prado ainda avaliou que existem “ligações indiretas” entre Queiroz e o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o que complicaria a vida política dele. 

“Não está, nesse momento, com uma ação penal contra o senador, mas ele é citado inúmeras vezes. Essas ligações aparecem de forma, inclusive, indireta, como, por exemplo, a localização do Queiroz na casa do advogado dele”, pontuou. “Então, as ligações vão se estabelecendo a partir dos fatos que vão sendo apurados e isso vai complicando a situação política dele”, considerou.

Investigação

A decisão judicial que ordenou a prisão de Fabrício Queiroz mostra que, segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) pagou mensalidades escolares das filhas do político no mesmo período em que operava o esquema de “rachadinhas” no gabinete do então deputado estadual na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro).

O MP também aponta que Flávio e a esposa pagaram cerca de R$ 260 mil com dinheiro em espécie, de origem não desconhecida.

A CNN pediu ao assessor pessoal do senador Flávio Bolsonaro uma resposta, sobre a denúncia. A assessoria dele se manifestou por meio de nota e negou as irregularidades. “Trata-se de mais uma ilação de alguns promotores de injustiça do Rio. O patrimônio do senador é totalmente compatível com seus rendimentos e isso ficará inequivocamente comprovado dentro dos autos”, diz o texto.

(Edição: André Rigue)

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