Salvar vidas deve ser a prioridade, dizem prefeitos de Belém e Curitiba

Em entrevista à CNN, Zenaldo Coutinho e Rafael Greca falam também sobre lockdown da população e o auxílio da União a estados e municípios

Em entrevista à CNN nesta terça-feira (5), os prefeitos de Belém, Zenaldo Coutinho (PSDB), e de Curitiba, Rafael Greca (DEM), disseram concordar com a preocupação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a economia, mas defenderam que no momento a prioridade deve ser evitar mais mortes pelo novo coronavírus.

Para Greca, a angústia do presidente com um possível colapso econômico é compreensível, mas a preservação da vida deve vir primeiro. “Lembro que os empregos só serão necessários se a gente estiver vivo”, afirmou.

“Devemos preservar as vidas de depois buscar [uma solução] para os empregos, com serenidade, harmonia e amor, muito amor”, continuou.

Coutinho considerou correta a preocupação de Bolsonaro e disse ser uma questão generalizada, mas ressaltou que no momento as medidas mais necessárias são as para salvar vidas.

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“Eu compartilho da posição do Rafael [Greca] e nesse ponto discordo do presidente. Acho que, embora a economia seja fundamental e os empregos sejam essenciais, nós precisamos garantir que, neste momento, as pessoas consigam subsistir e sobreviver essa fase da pandemia”, opinou.

Lockdown

Questionados sobre a possibilidade de implementar um lockdown – medida mais contundente por parte do Estado, que proíbe a população de sair de casa sob pena de prisão por expor a perigo a vida ou saúde de outrem –, em suas cidades, os dois, no entanto, apontaram para caminhos opostos, reflexo da situação das duas cidades.

Coutinho confirmou que Belém adotará esse confinamento a partir da quarta-feira (6). A medida, prevista para começar nesta terça, foi adiada em um dia depois de o governo do estado pedir a ampliação também para outros municípios.

“As procuradorias dos municípios e do estado estão formatando o novo documento para publicação amanha [quarta-feira]”, disse o político. “Infelizmente temos determinados setores que não estão cumprindo o isolamento. Os decretos do estado e da prefeitura não estão surtindo os efeitos restritivos e, ao perceber um índice muito baixo de isolamento, decidimos fazer [o aumento das restrições] conjuntamente.”

Ele disse que a medida gerará grandes transtornos e efeitos econômicos, mas que é necessária para que a estrutura de saúde dos municípios da região possa dar conta da demanda causada pela pandemia de Covid-19.

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Já o prefeito de Curitiba disse que essa possibilidade não chegou a ser considerada para a cidade, onde a situação está mais controlada. “Trabalhei com o isolamento social com responsabilidade e 80% da população obedeceu. Agora, já estão meio cansados”, disse, explicando que no fim de semana 20 mil idosos circularam de ônibus pelo município.

Greca também ofereceu para o colega um um sistema de inteligência usado em Curitiba que é acionado pelo aplicativo WhatsApp e permite que a população passe por uma triagem sobre sua condição clínica até ser encaminhada para uma banca de médicos em uma teleconsulta.

“Num momento de lockdown, isso é importante. Pode salvar vidas, evitar idas a uma UPA [Unidade de Pronto-Atendimento], a um Pronto-Socorro. Ajuda a evitar o contato social”, disse o político.

Ele afirmou que o sistema será compartilhado com o governo de Belém sem qualquer custo.

Políticos falaram à 'CNN' sobre lockdown e ajuda econômica da União
Prefeitos de Belém, Zenaldo Coutinho (E), e Curitiba, Rafael Greca, afirmaram que vidas devem ser salvas antes da economia
Foto: CNN

Ajuda aos municípios

Sobre o socorro financeiro a estados e municípios, medida em tramitação no Congresso, ambos concordaram sobre a importância para ajudar no enfrentamento à pandemia.

“Esses recursos que virão para nossa cidade, aprovada essa ajuda, serão extraordinários. Apesar de o estado do Pará ser rico e exportar matéria prima, Belém é [um município] muito empobrecido”, disse Coutinho.

“Trabalhamos, por exemplo, com cerca de metade da receita per capita de Curitiba. Portanto, esses recursos ajudarão a atender com mais capacidade a demanda social”, completou. O prefeito afirmou que sua cidade só fica na frente de Macapá, capital do Amapá, na arrecadação per capita.

 Greca também disse que a verba será importante para Curitiba poder manter o nível das medidas contra a pandemia que já foram tomadas. “O dinheiro que virá de Brasília será bem-vindo. Para Curitiba são perto de R$ 200 milhões.”

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