Simone Tebet: inquérito das fake news é o maior problema que governo enfrentará
Senadora diz que país vive no limite, mas não vê risco de ruptura da ordem democrática


Em entrevista à CNN nesta quarta-feira (10), a senadora Simone Tebet (MDB-MS) analisou o inquérito das fake news, instaurado no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar notícias falsas e ataques aos integrantes da corte. Para ela, a investigação é a “montanha mais íngreme” que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) terá que enfrentar no pós-pandemia.
Tebet disse que a princípio acreditava que o inquérito tinha “nascido morto” pela possível nulidade absoluta do processo, que deveria ter surgido pela Procuradoria-Geral da República e não pelo presidente do STF, Dias Toffoli.
“Mas depois de tantas interpretações extensivas do regimento interno e da Constituição e diante do que foi anunciado pela imprensa de que não estávamos falando de apenas uma ‘marolinha’ ou de possíveis ataques cibernéticos em relação alguns ministros, mas um ataque à própria democracia”, afirmou.
Ainda assim, a senadora não vê risco de ruptura da ordem democrática, apenas que o país chegou em seu “limite”. Isso porque, na visão dela, um presidente só consegue implantar uma intervenção militar, um AI-5 ou fechar do Congresso Nacional tendo algum tipo de apoio.
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“O presidente perdeu apoio das ruas, não tem apoio do Congresso Nacional para isso e, o mais importante, as Forças Armadas hoje não são homogêneas e, na sua grande maioria, são radicalmente contra. Agora, sim, diante de tantos arroubos e tentativas de avançar o sinal vermelho faz com que haja uma reação do poder Judiciário e Legislativo”.
Centrão
Questionada sobre como enxerga a aproximação de Bolsonaro com os partidos do chamado Centrão, Tebet acredita que se o presidente estiver procurando se reeleger no futuro, “ele está combinando o jogo com parceiros errados” e que considera “perigoso” esse caminho.
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“Ele [Jair Bolsonaro] ficou 28 anos como deputado federal e sabe que em uma democracia não se governa sozinho. [Mas] não precisava e não precisa fechar com o Centrão. Era só compor com a base ideológica do novo Congresso Nacional para ter a maioria absoluta para governar”, disse.
A senadora também falou que o presidente, ao “perder” o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, perdeu consequentemente a bandeira de anticorrupção. “Agora, ele se alia a quem sempre atacou para ganhar a eleição”, pontuou.
(Edição: André Rigue)