É cedo para discutir 3ª dose de vacina contra Covid, diz ex-coordenadora do PNI

Ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde (2011-2019), a epidemiologista Carla Domingues vê com otimismo a aceleração do ritmo de vacinação contra Covid-19 nos próximos meses, mas descarta, por enquanto, a necessidade de aplicação de uma terceira dose do imunizante.

Em entrevista à CNN nesta sexta-feira (16), ela explicou que faltam estudos para avaliar a resposta imunológica de quem já recebeu as duas doses da vacina. “É muito cedo para estarmos falando dessa terceira dose porque vamos ter que ver como vai ser a imunidade das pessoas que tomaram as duas, se vamos perdê-la ao longo do tempo, como acontece com a da gripe”, disse. 

Carla também afirmou que o ideal é completar o esquema vacinal de duas doses dentro dos prazos recomendados, porém, caso isso não ocorra, o importante é não parar a imunização 

“Recomenda-se que seja tomada a segunda dose da vacina de AstraZeneca em três meses, e, da Coronavac, em 28 dias. Se atrasarmos um pouco, não significa que a pessoa não estará protegida ou que vai perder imunidade. Um pequeno atraso não vai afetar o processo de imunidade, o que não pode é abandonar. Precisamos garantir que todas as pessoas que receberam a primeira dose também recebam a segunda”, detalhou.

O Brasil completa três meses do início da campanha de vacinação contra a Covid-19 nesta semana. Até agora, mais de 33 milhões de doses já foram aplicadas no país. Para Carla, apesar das dificuldades do começo, a tendência é que mais pessoas já sejam imunizadas nas próximas semanas.

“Agora parece que vamos conseguir entrar num ritmo mais adequado. A tendência é que a gente consiga vacinar entre 700 mil e 1 milhão de pessoas por dia. Parece que vamos conseguir dar uma aceleração nessa vacinação, pois o ideal é ter 80 milhões de brasileiros vacinados num curto prazo de tempo.”