Análise indica que seringas e envase causaram perdas de doses da CoronaVac

A informação foi dada à CNN pelo Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (COSEMS-RS)

Análises realizadas pela Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul indicam que não tem sido possível extrair as dez doses dos frascos da CoronaVac, vacina produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, conforme indicado na bula.

A informação foi dada à CNN pelo Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (COSEMS-RS), responsável pelo pedido do estudo. A entidade já identificou 187 problemas do tipo em 73 municípios do estado, o que teria gerado um déficit de 14,7 mil doses.

Os resultados apontam que os problemas em parte dos lotes podem ter origem tanto no envase do medicamento, realizado pelo Butantan, quanto nas seringas utilizadas para aplicação das vacinas, enviadas pelo Ministério da Saúde.

Profissional prepara vacina contra Covid-19 para aplicação no Rio de Janeiro
Profissional prepara vacina contra Covid-19 para aplicação no Rio de Janeiro
Foto: Delmiro Júnior/Agência O Dia/Estadão Conteúdo (19.mar.2021)

 

O estudo foi conduzido pela Vigilância Sanitária do Rio Grande do Sul. Já está sendo formatado o documento que será assinado tanto pela Secretaria de Saúde quanto pela presidência do COSEMS-RS. Os resultados serão enviados ao Ministério da Saúde.

A análise foi apresentada nesta quinta-feira (15), durante reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB). O grupo é responsável por pactuar a organização e o funcionamento das ações na área da Saúde na região.

Em ofício enviado na última terça-feira (13) ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o COSEMS-RS informou que, desde a sétima remessa dos lotes da CoronaVac, há maior frequência nos frascos com menos de dez doses.

No documento, o conselho afirma que, “por vezes”, os frascos apresentam somente até oito doses, o que “nas últimas semanas tem se apresentado de forma mais recorrente”.

Ainda de acordo com o COSEMS-RS, o problema tem ocorrido em maior número de municípios no estado, “o que tem gerado maior sobrecarga na força de trabalho das equipes de vacinação, bem como, imprevisibilidade na organização da programação de pessoas a serem vacinadas, haja vista o déficit de doses apresentadas por frasco”.

O relatório mostra ainda que houve 187 casos notificados em 73 municípios, o que teria gerado um déficit de 14,7 mil doses no estado.

Em nota, o Instituto Butantan informou que cada frasco da vacina contra o novo coronavírus contém nominalmente 10 doses de 0,5 ml cada, totalizando 5 ml, e adicionalmente ainda é envasado conteúdo extra, chegando a 5,7 ml por ampola.

O instituto afirmou que esse volume é suficiente para a extração das dez doses e que, para isso, “é importante que os profissionais de saúde estejam capacitados para aspiração correta de cada frasco-ampola, além de usar seringas e agulhas adequadas, para não haver desperdício”.

Ainda segundo o Butantan, as notificações recebidas até o momento relatando rendimento menor das ampolas foram investigadas. “Em todos os casos, a prática incorreta na extração das doses nos serviços de vacinação. Portanto, não se trata de falha nos processos de produção ou liberação dos lotes pelo Butantan.”

Procurado, o Ministério da Saúde ainda não se manifestou.

Em nota, a Secretaria de Saúde do RS informou que:

“A diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Cynthia Molina Bastos, fez um teste com um frasco de multidose da vacina contra a Covid-19 do Instituto Butantan, com dois tamanhos de agulha. Com a agulha menor, de 1 ml (para aplicação de insulina) foi possível extrair 10 doses de vacina de um frasco, mas com dificuldade e nenhuma margem de sobra. Com a agulha maior, de 3 ml, indicada pelo Ministério da Saúde para a aplicação da vacina contra a Covid-19, foi possível extrair apenas 9 doses. O teste foi realizado por uma vacinadora com muita experiência e dentro de um ambiente controlado. De acordo com a diretora Cynthia, nos momentos de vacinação em postos de saúde e drive-thrus, a dificuldade aumenta pela pressão e agilidade que o momento exige, por isso um mesmo frasco pode render ainda menos aplicações, como vem acontecendo nas últimas semanas.

O laudo deste teste será enviado em forma de ofício assinado em conjunto entre Governo do Estado e Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems/RS) para o Ministério da Saúde.” 

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