Anvisa interrompe os estudos da fase 3 da Coronovac

Estudos foram suspensos devido à ocorrência de um evento adverso grave em um dos voluntários do Brasil

Fontes com quem a CNN conversou confirmaram a informação de que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) comunicou ao Instituto Butantan a suspensão da fase 3 dos estudos da Coronavac.

Os estudos foram suspensos devido à ocorrência de um evento adverso grave em um dos voluntários do Brasil.

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Em nota, o órgão afirma que “esse tipo de interrupção é prevista pelas normativas da Anvisa e faz parte dos procedimentos de Boas Práticas Clínicas esperadas para estudos clínicos conduzidos no Brasil”.

Em entrevista à TV Cultura, o diretor do Butantan, Dimas Covas, disse que houve uma morte entre os voluntários da pesquisa, mas, segundo ele, o caso não tem relação com a os testes da vacina. Ele pediu esclarecimentos à Anvisa sobre a ordem de interrupção.

Por meio de nota, o instituto declarou que “o Governo de São Paulo, através do Instituto Butantan, lamenta ter sido  informado pela imprensa e não diretamente pela Anvisa, como normalmente ocorre em procedimentos clínicos desta natureza, sobre a interrupção dos testes  da vacina Coronavac”.

O Butantan marcou uma entrevista coletiva para a manhã desta terça-feira (10).

Com a interrupção do estudo, nenhum novo voluntário poderá ser vacinado.

Leia a íntegra da nota da Anvisa:

“Após ocorrência de Evento Adverso Grave* a Anvisa determinou a interrupção do estudo clínico da vacina Coronavac.  O evento ocorrido no dia 29/10 foi comunicado à Anvisa, que decidiu interromper o estudo para avaliar os dados observados até o momento e julgar sobre o risco/benefício da continuidade do estudo.

Esse tipo de interrupção é prevista pelas normativas da Anvisa e faz parte dos procedimentos de Boas Práticas Clínicas esperadas para estudos clínicos conduzidos no Brasil.

Com a interrupção do estudo, nenhum novo voluntário poderá ser vacinado. A Anvisa reitera que, segundo regulamentos nacionais e internacionais de Boas Práticas Clínicas, os dados sobre voluntários de pesquisas clínicas devem ser mantidos em sigilo, em conformidade com princípios de confidencialidade, dignidade humana e proteção dos participantes.

A Anvisa mantém o compromisso com o Estado brasileiro de atuar em prol dos interesses da saúde pública.

*De acordo com a RDC 09/2015 são considerados eventos adversos graves:   
a) óbito;  
b) evento adverso potencialmente fatal (aquele que, na opinião do notificante, coloca o indivíduo sob risco imediato de morte devido ao evento adverso ocorrido);  
c) incapacidade/invalidez persistente ou significativa;  
d) exige internação hospitalar do paciente ou prolonga internação;  
e) anomalia congênita ou defeito de nascimento;  
f) qualquer suspeita de transmissão de agente infeccioso por meio de um dispositivo médico;  
g) evento clinicamente significante.” 

Coronavac
Coronavac, vacina contra a Covid-19 em testes
Foto: Governo de SP/Divulgação

Doses

Os testes da Coronavac são conduzidos no Brasil por uma parceria entre o Instituto Butantan, entidade de referência em imunizante ligada ao Governo de São Paulo, e a farmacêutica chinesa Sinovac Biotech. 

Segundo o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o estado receberá o primeiro lote de 120 mil doses, de um total de 6 milhões de doses do imunizante. A chegada do material havia sido autorizada pela Anvisa.

O governador também informou que começaram as obras para a construção da fábrica no Butantan que produzirá as vacinas da Coronavac contra o coronavírus.

Segundo Doria, o investimento partirá da iniciativa privada e a previsão da conclusão é para 10 meses, em setembro de 2021. A capacidade de produção será de 100 milhões de doses por ano.

Nota do Butantan

O Governo de São Paulo, através do Instituto Butantan, lamenta ter sido  informado pela imprensa e não diretamente pela Anvisa, como normalmente ocorre em procedimentos clínicos desta natureza, sobre a interrupção dos testes  da vacina Coronavac. 

O Butantan aguarda informacões mais detalhadas do corpo clínico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária sobre os reais motivos que determinaram a paralisação. 

Amanhã, as 11h, já em posse destas informações da Anvisa, haverá uma entrevista coletiva na sede do Instituto Butantan.

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