“As vagas que estão surgindo no MS são em decorrência de óbitos”, diz secretário
Segundo dados da Agência CNN, o estado possui a maior lotação de leitos de UTI em hospitais públicos do país
Com falta de espaço para criar novos leitos de Covid-19 e também de medicamentos para intubação de pacientes graves da doença, o Mato Grosso do Sul vive o pior momento, desde o começo da pandemia. O principal hospital da capital só tem estoque de bloqueadores neuromusculares e sedativos para um dia.
Segundo dados da Agência CNN, nesta quarta-feira (14), o estado da região centro-oeste é líder nacional em lotação de leitos de UTI em hospitais públicos, com 100% de ocupação da UTI e mais 3,9%, desse total, com novos leitos abertos de forma emergencial. Em seguida, vem o estado de Rondônia, com 100%, e o vizinho Mato Grosso, com 97,56%. A ocupação dos leitos de UTI em hospitais privados de Mato Grosso do Sul também está perto do limite com 95%.
Em entrevista à CNN, o secretário estadual de saúde do Mato Grosso do Sul e médico, Geraldo Resende, revela que há poucos casos de alta hospitalar e que estão improvisando leitos dentro de centros cirúrgicos e alas de urgência.

“Temos remanejado pacientes de regiões distintas do estado e, infelizmente, é duro dizer isso, mas as vagas que estão surgindo são em decorrência de óbitos que estão acontecendo em grande quantidade. E com essas vagas é que estamos suprindo a lista de espera”, diz.
Nas últimas 24 horas, de acordo com o boletim epidemiológico da SES-MS (Secretaria de Estado de Saúde), foram registradas 65 novas vítimas do novo coronavírus e 1.338 novos casos. Ao todo, são 5.005 mortos e 232.849 infectados pela doença no estado.
Segundo o secretário, em média, os hospitais públicos estão com estoque de kit intubação para apenas dois dias, em todo o estado. E a situação é ainda mais crítica na principal referência para o combate a Covid-19, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul.
“Nós temos lá, hoje, 139 pacientes no leito de UTI e todos eles intubados. Nós só temos medicamentos do kit intubação para um dia. É o medicamento atracúrio, rocurônio e também sedativos como o midazolam. Tivemos que mandar, ainda na manhã de hoje, um avião para São Paulo para buscar compras que nós fizemos, emergencialmente, para suprir, pelo menos, nas próximas horas o quantitativo de medicamento que precisamos”, conta.
No dia de ontem (13), o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e o secretário se reuniram, em Brasília, com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, mas ouviram que também falta ao Governo Federal acesso a esses medicamentos e que a única solução são essas compras que demandam alguns dias, por conta da capacidade das indústrias farmacêuticas.
“Eu acho muito angustiante e deixa todos nós em uma situação de desconforto de grau elevadíssimo. Estamos vendo pessoas muito próximas irem a óbito. Estamos fazendo remanejamento de emprestar medicamentos de um hospital para o outro.
O Ministério da Saúde afirmou que aguarda para amanhã (15/4) a chegada de 2,3 milhões de medicamentos para intubação, doados por um grupo de empresas formado pela Petrobras, Vale, Engie, Itaú Unibanco, Klabin e Raízen. Os medicamentos saíram da China nesta quarta-feira. Ainda segundo a pasta, em nota, após chegarem ao Brasil os insumos “serão distribuídos imediatamente aos estados com estoques críticos”.
*Com informações de Ludmila Candal, Mariana Cattacci, Paloma Souza e Vital Neto.