Chefe do Banco Mundial diz na OMC não apoiar quebra de patente de vacinas

Para Malpass, renúncia aos direitos de propriedade intelectual poderia prejudicar inovação no setor farmacêutico

O presidente do Banco Mundial, David Malpass, disse na terça-feira(8) que o banco não apoia a renúncia aos direitos de propriedade intelectual das vacinas da Covid-19, por temer que isso prejudique a inovação no setor farmacêutico.

O comentário foi feito durante uma ligação com repórteres sobre as previsões do Banco Mundial para a economia, enquanto as negociações da OMC sobre a proposta de quebra retornavam em Genebra. 

Questionado se ele apoiaria o projeto, que Índia, África do Sul e outras nações emergentes argumentam ser necessária para expandir o acesso às vacinas, Malpass disse: “Não apoiamos isso, pela razão que poderia haver o risco de reduzir a inovação, pesquisa e desenvolvimento nesse setor”. 

A declaração coloca Malpass, nomeado pela administração do ex-presidente americano Donald Trump, contra o atual governo dos EUA, que apoia as negociações pela quebra da patente, lideradas pela representante do comércio Katherine Tai. 

As principais produtoras de vacinas e indústrias farmacêuticas se opõem à quebra de patente, dizendo que isso cercearia a inovação e faria pouco para efetivamente aumentar os suprimentos de vacinas, que são imitados por barreiras comerciais, escassez de componentes e falta de capacidade de produção.

Malpass reiterou nesta terça os pedidos para que os países mais ricos doem as doses excedentes de vacinas para os países em desenvolvimento assim que possível. 

O Banco Mundial disse que as previsões de crescimento global, que subiram para 5,6% em 2021 e 4,3% em 2022, poderiam ser mais altas se a vacinação fosse acelerada nos países em desenvolvimento.

Em Genebra, as negociações continuarão nesta terça e quarta-feira (9) sobre as propostas revisadas da Índia e da África do Sul para a quebra de patentes, que são mais amplas que a quebra somente da patente de vacinas que é favorecida por Tai. 

“Parece que eles ainda estão longe, as posições deles não mudaram fundamentalmente”, disse um funcionário do comércio em Genebra à Reuters.

Tópicos